O PALCO DA ILUSÃO

Somos todos partícipes das ilusões que se desenrolam no gigantesco palco em que atuamos sem parar nas vinte e quatro horas do dia, semana após semana, mês e ano após ano, o tablado da vida. Levados a esse teatro sem tamanho, começamos nossa atuação quando ainda estamos sendo formados no ventre materno onde os sonhos principiam.

As ilusões, divagações e delírios nascem conosco e as vamos conduzindo em cada gesto, nas atitudes, escondendo sentimentos, exagerando nas performances como atores perdidos enquanto a saga se desenvolve ante a audiência ansiosa e barulhenta que também faz parte da dramaturgia humana. Gritos, sorrisos, lágrimas, mortes, sangue e suor brotam, ecoam, secam, calam e recomeçam ininterruptamente.

A vibração dos atores, diretores, produtores, da platéia e dos demais envolvidos de todas as formas na encenação ilusória, unidos no mesmo ato e na mesma história nunca pára, ninguém cansa, os aplausos e as vaias dos personagens tanto no campo da atuação quanto nas cadeiras assistindo, em uníssono pois ali reina a igualdade em tudo, tanto lá na ação quanto cá na assistência, que se confundem por ser m parte integrante do todo, reverberam e fazem do palco da ilusão a carnificina emotiva do êxtase.

A partir do momento em que entramos na arena da existência já iniciamos a narrativa das ilusões, canastrões, estrelas, figurantes, comediantes, coadjuvantes, cada qual e todos muitas vezes trocando de personagem ante diferente delírio, às vezes subindo, outras caindo, uns e outros abraçados à única quimera de iludir e ser iludido na desvairada encenação do viver. Na alegria ou na tristeza, no sucesso ou no fracasso jamais importa, perdura a consciência geral de que sobre o palco da ilusão um dia com certeza as luzes serão apagadas e eles morrerão.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 03/07/2024
Código do texto: T8098892
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