Caráter
Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.
- Você tem acompanhado o despertar das marmotas? Ficaram hibernando por 4 anos e agora resolveram acordar e aparecer para as redes sociais.
- É revoltante! É de dar nojo! O que me incomoda é que só agora eles resolveram criticar obras que eles mesmos autorizaram e não fiscalizaram.
- E eu me pergunto qual a necessidade de tantos vereadores? E o custo dessa estrutura produz o quê? Como anda a relação custo versus benefício?
- Essa pergunta só é feita em organizações privadas, em empresas. Nas públicas, parece que essa preocupação é inexistente. A função dos tais cabides de emprego não é exatamente apoiar?
- Mas, como fica a consciência coletiva?
- Fica como as praias, os estádios, as praças: tudo sujo. Você acha que pode esperar consciência coletiva de pessoas que sujam espaços e não são capazes de recolher seus próprios lixos? Deixam tudo para os outros...
- Infelizmente você tem razão. O que me revolta é o caráter desses vereadores candidatos. Hoje acham erros por toda a parte, mas não reconhecem que eles mesmos participaram desses erros por ação e por omissão, já que o legislativo municipal deve fiscalizar o executivo.
- E essa mentalidade, de que nada mais presta? Até um ano atrás, tudo prestava e, de repente, nada mais presta. O prefeito passou de aliado do povo e grande força modernizadora a gastador irresponsável e inimigo do povo.
- A dívida que a próxima gestão herdará é astronômica, mas nenhum desses vereadores que hoje criticam tudo ergueu a voz para protestar quando aprovavam projetos e autorizavam o crescimento da dívida.
- O eleitor escolhe aquele que sabe apontar as falhas e os erros dos outros, mas nem sempre sabe que é exatamente esse sujeito que participou desses mesmos erros. Não sabe e talvez nem se preocupe em saber, o que é pior.
- Mas eu tenho notado mais gente preocupada com essas discrepâncias. Nós mesmos, há alguns anos, não trataríamos disso. O povo dá sinais de que está aprendendo. Está um pouco mais exigente e questionador. Há esperança!