Entre Sem Bater - Bandeira Falsa
Jesse Ventura disse:
"... se você começar a estudar história mais de perto, verá que a maioria das guerras são baseadas em operações de bandeira falsa para pegar as pessoas ..."(1)
Alguns personagens da história influenciaram poucas pessoas numa sociedade, mas podem proporcionar reflexões até nos opositores de suas ideias. Jesse Ventura é um destes personagens, que tinha posições antagônicas e uma vida multidisciplinar. De lutador e combatente de guerra transformou-se em político que ao defender causas louváveis, ganha admiradores e inimigos. Podemos dizer que Ventura tem qualificação para falar de bandeira falsa, pela sua experiência de vida.
BANDEIRA FALSA
Essa narrativa de político independente e de se candidatar dizendo que o eleitor não deve votar "como de costume" é uma armadilha. É provável que seja mais uma estratégia de bandeira falsa dos tempos modernos. Aliás, a história indica que a estratégia de bandeira falsa vem desde muito antes do que os verbetes das enciclopédias indicam. Podemos dizer que, certamente, a lenda do "Cavalo de Troia" é uma indicação de que a falsidade entre humanos é muito antiga.
Desse modo, é curioso que o político Ventura sugira que as pessoas devem começar a estudar a história de verdade, sem fantasia(2). Vivemos ataques de bandeira falsa por todos os lados e com a explosão das redes sociais é impossível descobrir a extensão da realidade. Na política recente brasileira temos vários exemplos que ilustram estes ataques e que, depois das eleições, não adianta chorar o leite que derramou.
Surpreendentemente, os defensores dos praticantes da estratégia da bandeira falsa fingem que eles não foram responsáveis pelas mentiras. Agem, na maioria dos casos, como covardes que ficam apontando o dedinho na direção dos outros, até as próximas eleições.
Os ataques de bandeira falsa, certamente, têm uma longa história de uso em conflitos para manipular a opinião pública e justificar ações retaliatórias. No mundo digital e das redes sociais, esses ataques evoluíram e ganharam sofisticação, disseminando desinformação e causando danos sociais.
ATAQUES DE BANDEIRA FALSA
No século passado, por exemplo, esses ataques foram reais e, na era digital(*), a bandeira falsa tornou-se uma ferramenta insidiosa e cruel. O pensamento de Jesse Ventura, dentro de um contexto atual, é uma realidade nua, crua e dura de se aceitar.
"Se você começar a estudar história mais de perto, verá que a maioria das guerras são baseadas em operações de bandeira falsa para pegar as pessoas - para convencê-las de que estão sob ataque de alguma forma, para que apoiem as guerras." (Jesse Ventura)
EXEMPLOS HISTÓRICOS
Embora muitas pessoas tenham justificativas e explicações, alguns exemplos da atualidade são ações que analogamente corroboram a teoria. Ataques de bandeira falsa sempre existiram e por mais que a mídia não mostrem, possuem algum fundo de verdade nos dias de hoje. As guerras religiosas recentes ou entre nações como Ucrânia e Rússia, apresentaram elementos que nos fazem desacreditar nas narrativas(3).
1. Incidente do Golfo de Tonkin (1964)
Um dos exemplos mais notórios de ataque de bandeira falsa é o incidente do Golfo de Tonkin, que ocorreu em 1964. A atividade envolveu os Estados Unidos e o Vietnã do Norte em uma guerra sem muita motivação a não ser o poder na Guerra Fria. Alegações de que navios norte-vietnamitas atacaram embarcações estadunidenses levaram à guerra do Vietnã. Posteriormente, verificou-se que o segundo ataque, o mais crucial para a decisão de intensificar o conflito, nunca ocorreu. Este incidente ao governo dos EUA como pretexto para aumentar sua intervenção militar no Sudeste Asiático. Desta forma, demonstrou-se que a manipulação de informações tem uso para justificar ações políticas e militares significativas. Qualquer semelhança com fatos recentes não é mera coincidência ou farsa histórica.
2. Operação Northwoods (Anos 1960)
Outro exemplo com pouca exposição midiática, mas igualmente reveladora, é a Operação Northwoods, um plano de autoria dos Estados Unidos. Sempre eles com seu Estado-Maior Conjunto no início dos anos 1960, em plena Guerra Fria. O plano propunha a realização de atos terroristas em solo americano, que seriam falsamente uma responsabilidade de Cuba. Assim sendo, o governo dos EUA teria uma justificativa para intervenção militar contra o regime de Fidel Castro. Embora a operação não ocorreu de fato, a existência de tal plano ilustra um evento de bandeira falsa, para alcançar objetivos políticos e militares.
Casos reais como este se proliferaram no planeta e nos dias atuais, as mentiras conseguem ter mais aceitação da sociedade.
BANDEIRA FALSA NA ERA DIGITAL
Com o advento das redes sociais e da comunicação digital, os ataques de bandeira falsa evoluíram e são ferramentas para manipulação em massa. As redes sociais são ambientes propícios para a disseminação rápida e viral de desinformação, o que facilita a execução e amplificação de operações falsas.
Podemos, por exemplo, citar duas ações que qualquer pessoa que viveu a história recente pode utilizar para refletir. Nestes casos não é necessário estudar nenhuma História como sugere Jesse Ventura. Eles ilustram como essa tática aplica-se e como cada pessoa se comporta de acordo com suas conveniências.
1. Interferência Eleitoral e Desinformação
Durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016, houve inúmeras alegações de que atores estrangeiros interferindo. Notadamente no caso do envolvimento da Rússia, utilizaram contas falsas em redes sociais para disseminar desinformação e criar divisões entre os eleitores. Grupos que se relacionavam com o governo russo receberam acusações de criar perfis falsos, páginas e eventos de cidadãos americanos. No entanto, as ações tinham o objetivo de semear discórdia e influenciar o resultado eleitoral. Essas operações de bandeira falsa digital demonstram como atores estatais usam a Internet para interferir em processos democráticos de outras nações.
2. Pandemia de COVID-19 e Teorias da Conspiração
A pandemia de COVID-19 viu uma explosão de teorias da conspiração e desinformação nas redes sociais, a maioria com características de bandeira falsa. Grupos e indivíduos divulgaram falsamente que o vírus teve criação intencional de governos ou organizações específicas como uma arma biológica. Vídeos, postagens e artigos com atribuição a cientistas de renome ou de fontes confiáveis tinham amplo compartilhamento. Desta forma, a confusão e a desconfiança pública superou as medidas necessárias de saúde pública. Esse ambiente de desinformação não apenas minou os esforços para controlar a pandemia, mas mostrou-se uma bandeira falsa desumana. Como se não bastasse, promoveu agendas e bandeiras políticas ou econômicas, acima da crise de saúde global.
PERDEMOS !
Os ataques de bandeira falsa são uma tática antiga que evoluiu dramaticamente com a ascensão das redes sociais e da comunicação digital. Exemplos históricos como o Incidente do Golfo de Tonkin e a Operação Northwoods mostram como esses ataques promovem ações militares e políticas. Na era digital, a bandeira falsa tornou-se uma ferramenta ainda mais poderosa e perigosa. Estas falsidades, em outras palavras, só provocam e disseminam a desinformação rapidamente e em grande escala. As recentes interferências eleitorais repetem-se a cada eleição no Brasil e no mundo. A disseminação de teorias da conspiração durante a pandemia de COVID-19, com toda a certeza, mostrou a verdadeira face dos déspotas.
A sociedade enfrenta, enfim, um desafio crescente para identificar e mitigar os efeitos perniciosos desses ataques no mundo atual. Infelizmente, os discursos das pessoas nas redes sociais não são, na sua maioria, uma forma de evolução da sociedade, são apenas conveniência.
Em suma, alguns comportamentos como o hedonismo e ataques de bandeira falsa, em qualquer estágio, não ajudam nenhuma evolução da sociedade.
Será que somos todos, somente perdedores(4)?
"Amanhã tem mais ..."
P. S.
(*) A era digital e as tecnologias modernas criaram uma versão da bandeira falsa, chama-se FUD, de medo, incerteza e dúvida. E as pessoas, em sua maioria, adoram defender seus medos e dúvidas como se fosse realidade.
(1) "Entre Sem Bater - Jesse Ventura - Bandeira Falsa" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/07/01/entre-sem-bater-jesse-ventura-bandeira-falsa/
(2) "Entre Sem Bater - Edward Snowden - Fantasia e Realidade" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/05/08/entre-sem-bater-edward-snowden-fantasia-e-realidade/
(3) "Entre Sem Bater - Bernadin de St. Pierre - As Narrativas" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/01/07/entre-sem-bater-bernardin-de-st-pierre-as-narrativas/
(4) "Entre Sem Bater - Donald Trump - Os Perdedores" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/06/28/entre-sem-bater-donald-trump-os-perdedores/