DEPOIS DE
DEPOIS DE
Depois de muito azul o cinza se apresenta, a temperatura dá um alívio, a secura se afasta permitindo um respirar mais saudável. Uma garoa, como não via há tempos, bate no rosto, ampliando a sensação de frio. Na rua, corpos cobertos de trajes, há muito alojados em guarda-roupas, as mãos escondidas em bolsos, cabeças encolhidas cobertas de gorros e bons dias sussurrados. Há no ar uma introspecção climática e uma vontade de estar em casa encorujado sob mantas e cobertores. Como sempre uns reclamam, outros se regalam, e a vida segue até a próxima quentura/secura em que as opiniões se alternarão. Espero que as estações sobrevivam e que possamos ainda reclamar ou exaltar o frio, o calor, as flores que virão e as folhas espalhadas pelo chão, em nosso eterno perdurar/reclamar, apesar de profecias e visões de caos.