Real ou virtual?

Uma pessoa me procurou no direct do meu Instagram me cobrando:

“Nossa, você sumiu! Desde a semana passada que não vejo nada sobre você! Está tudo bem? Sumiu porquê?"

Eu havia postado não lembro o que já tinha uns três dias e, a publicação não deve ter aparecido pra ela mas, o questionamento era com grande espanto. Tudo bem que ela pode ter dito isso por preocupação mesmo mas, porque ela acha essa exposição excessiva obrigatória? Eu preciso estar lá na rede social o tempo todo?

Seria o mesmo que dizer: “Você não sai de casa?” “Precisa ir a festas” “Você precisa sair...”

Percebo que as redes sociais se tornaram uma espécie de obrigação. Se eu não aparecer é porque estou doente ou morri. Eu sou assim: Têm dias que eu não quero sair de casa. Aliás, quase sempre eu não quero sair de casa. Pra eu sair de casa têm de ser aquele acontecimento ou, prefiro ficar com meus gatos, comendo pipoca, escrevendo, ouvindo música... Aí vem sempre um infeliz e pergunta:

“Você está deprimida?” Não gente! Mas eu fico deprimida se insistirem nessas perguntas imbecis! É depressão preferir cuidar de plantas? Lavar o quintal? Fazer as próprias unhas ao invés de ir no salão aguentar além do barulho do secador de cabelos, um monte de mulheres juntas, cada uma contando uma história diferente e eu ali, absorvendo tudo sem poder mandar calar a boca?

Mas hoje eu resolvi dar um tempo nas minhas redes sociais. Não é dar um tempo de “sumir” não ou, ser radical a ponto de fechar minhas redes. Eu dependo delas pra trabalhar mas apenas ter mais cautela com a exposição excessiva pois, não quero me tornar um “robô” ou, alguma coisa artificial.

Estudos comprovam que o uso excessivo da internet altera o funcionamento do nosso cérebro.

Então imagine eu, tentando escrever um livro e, ao abrir a tela do computador me deparo com uma enxurrada de informações, mensagens no WhatsApp, direct, Facebook... não vai prestar!

Com muito custo tento me abster das redes para poder trabalhar nos livros e assumo: “Não é fácil”

Sempre dá aquela vontadezinha de abrir ao menos um pouquinho a plataforma e dar uma bisbilhotada no que está acontecendo. Se isso não é dependência virtual eu não sei o que é! E sei que isso atinge milhares de pessoas. Não podemos aceitar que isso seja normal! Isso não é normal! E também não estou falando mal das redes sociais. Eu preciso muito das redes para trabalhar e agradeço a Deus e ao Universo por eu poder usar essa ferramenta a meu favor. O que eu estou dizendo é que a cada dia as pessoas estão deixando de existir por conta disso.

A internet que temos hoje não é a de quinze anos atrás. Ela modificou e muito enquanto nós, ainda estamos tentando nos adaptar a essa realidade e, nem sempre nosso cérebro consegue acompanhar essa evolução toda. Resultado: O que era para ser saudável acaba se tornando tóxico.

Poucos estão dispostos ou tem coragem para falar sobre isso mas, o mundo real está sendo sugado e muito em breve extinguido pelo virtual.

Essa semana acompanhei um jornal que transmitiu por três vezes a mesma notícia que chamou minha atenção. O caso do famoso “jogo do tigrinho”. Qual fez inúmeras vítimas e, uma moça que quase ficou louca, falida, dependente, devendo em tudo o que é lugar inclusive para agiotas, de tanto que ela apostava nessa espécie de “cassino online “. A mulher foi seduzida com a promessa de ganhos certos! E eles usam influenciadores digitais para promover o tal jogo e garantir que as chances de ganho alto são enormes. Seguem nosso perfil para buscar adeptos para essa “pirâmide financeira” deles e etc.

Por tantas coisas tóxicas na internet as vezes é bom dar uma pausa, recarregar as energias, ler um livro, sair, visitar um museu, caminhar no parque...tantas coisas boas e reais a se fazer que não seja Facebook, Instagram, Snapchat, Skype...

A realidade é a seguinte: Precisamos com urgência rever nossos conceitos sobre o que é e o que não é necessário ficar expondo nas redes e presos a ela. Repensar no que realmente vale a pena e, sobre o tempo que perdemos com ela. Quantos lugares e pessoas interessantes poderíamos estar conhecendo ou mesmo, revendo porque até isso a internet tira do ser humano: O convívio com um familiar pra ficar no celular postando o prato de comida pra mostrar que esteve no restaurante e pediu arroz a grega, bacalhau e vinho...

Essa é a pergunta que não quer calar: Estamos usando as redes sociais para o nosso bem estar ou, estamos deixando que as redes sociais nos dominem e nos transformem em pessoas vazias, ocas, robóticas, sem identidade e iguais? Onde fica o tocar, sentir, o viver e o estar presente? Bora pensar? A vida real por mais dura que seja às vezes, é a melhor.

Andreia Caires
Enviado por Andreia Caires em 30/06/2024
Reeditado em 30/06/2024
Código do texto: T8096682
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.