Adversidade é uma diversão
Adversidade é uma diversão
Existem algumas palavras ou frases portuguesas que dizem uma coisa e significam outra. Lendo o livro de Luis Fernando Veríssimo, “Comédias da vida privada”, me deparei na crônica “Pá, pa, pa”, com a discussão entre um brasileiro e uma americana. A estadunidense tinha dificuldade com o “pois sim “, e o “pois não”. Uma vez quis saber se podia me (Veríssimo) perguntar uma coisa.
- Pois não – disse eu (o autor), polidamente,
- É exatamente isso! O que quer dizer “pois não”?
- Bom. Você me perguntou se podia fazer uma pergunta. Eu disse “pois não”. Quer dizer “pode, esteja à vontade, estou ouvindo, estou as suas ordens...”
- Em outras palavras, quer dizer “sim”?
- É.
- Então porque não se diz “pois sim”?
- Porque “pois sim quer dizer “não”.
- O quê?!
E a discussão se prolonga até chegar no “pá, pá, pá”.
- Funciona como reticências – sugeriu o autor. - Significa três pontinhos. Substitui várias palavras por apenas três.
Lembrei-me de algumas coisas que ouvi e temos que engolir mesmo sem entender, como por exemplo quando a pessoa diz que “estava dormindo acordada”. Como pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo?
Existem as notícias que não fazem a gente rir porque são tragicômicas:
- Geriatra morre aos trinta anos.
- Oftalmologista se adapta bem com óculos do tipo fundo de garrafa.
- O dentista teve que se retirar da festa por causa de uma dor de dente.
- Cardiologista famoso na cidade não conseguiu guardar segredo: carrega um marca-passo.
- Técnico em segurança é atropelado ao atravessar a estrada fora da faixa de segurança.
- Pedreiro tem sua casa de madeira arrancada do solo por vendaval.
- Eletricista leva choque mortal ao ver sua mulher na cama com seu maior amigo.
- Tempo é dinheiro, mas toda viagem mais rápida é mais cara.
Para não esquecermos a norte-americana: “Push em inglês é empurre e não puxe”.
Aroldo Arão de Medeiros
24/07/2017