RECLUSÃO VOLUNTÁRIA
Prólogo
Quando eu era adolescente, meus colegas, com a mesma idade que eu, me chamava de "O doido de Seu Muniz". Isso ocorria pelo fato de eu estar sempre folheando um livro onde quer que eu estivesse.
Hoje posso escrever: Bendita loucura, dessa insana criatura, que trocou as incertas e improfícuas amizades pela reclusão voluntária entre livros benfazejos. – (Nota deste Autor).
LIVROS POR TODA A CASA
Até hoje, em cada compartimento de minha casa há muitos livros. Imagine um canto de leitura aconchegante, onde os livros se empilham desordenados. Continuo gostando de livros, mesmo depois de passados dezenas de anos, porque assim é o local onde eu me recluso tal qual insano.
Nos livros, as páginas amareladas e as capas gastas contam histórias de aventuras, mistérios e romances. Entre os livros há um caderno de anotações onde eu escrevo bobagens e palavras que desconheço à guisa de lembretes. A xícara de chá de canela, às vezes, de boldo, capim santo ou erva-doce, meio esquecida, deixa um rastro de vapor no ar.
Nesse recanto, por mim considerado sagrado, o tempo passa lento, e a desordem dos livros é apenas um convite para explorar mundos distintos, infinitos, caóticos, razões esquecidas e memórias lembradas, que emergem da mente, confusas e distorcidas.
Eclético, leio de tudo, mas minha preferência é pelos contos policiais onde os mistérios desafiam minha perspicaz formação militar emblemática. Atrás de um vaso de flores há uma janela grande de onde posso ver meu jardim, com as folhas verdes, flores coloridas e ouço o canto melodioso dos pássaros.
CONCLUSÃO
A natureza se mistura com as histórias, criando um refúgio perfeito para a mente fértil e o espírito em perfeita sintonia. Talvez eu seja ou queira ser apenas uma lenda e ser uma lenda é deixar um legado que inspira gerações.
Entendo que a solidão não está na falta de pessoas ao redor, mas na ausência de livros que possam ensinar algo bom sem ameaçar a integridade física nem emocional. Por isso escrevo sem receio de errar: Bendita seja minha reclusão voluntária entre os livros que me ensinam a ensinar.