Ainda somos os mesmos

Lembro-me de observar meus pais com uma certa arrogância juvenil, pensando que nunca repetiria seus erros. Achava ingênuo como se prendiam a padrões desgastados, como se viviam em uma dança ensaiada, sempre tropeçando nas mesmas pedras. Mas agora, anos depois, percebo como o tempo se encarregou de revelar o irônico espelho da vida.

Os erros que eu tanto criticava se tornaram parte do meu próprio repertório. As brigas sem sentido, a falta de paciência, as promessas quebradas. Estamos todos presos em um ciclo, talvez por medo de mudar ou por não sabermos outro jeito de ser.

Hoje, vejo-me replicando as mesmas falhas, usando as mesmas desculpas. É assustador e, ao mesmo tempo, confortante saber que, apesar dos avanços, ainda somos feitos do mesmo tecido humano, vulnerável e imperfeito. E assim, seguimos repetindo a história, na esperança de que um dia, talvez, nossos filhos aprendam a dançar um pouco melhor.