Letargia
Letargia
Enquanto esperamos na velha linha 743 outro maluco beleza surgir
Bichos escrotos tomam de assalto a rádio pirata
Homens pequenos, cheios de veneno
Tornam o AI 5 um carinho materno
Com o som que produzem
Em consequência temos a letargia dessa nostalgia
Semeando o passado e a vida passando ao som de Barão Vermelho
Voando baixo
Sem deixar nada no lugar
É hora de acordar
Deixar os mortos em paz
Inventar um som mordaz
Secos e molhados
Uma roupa nova
Ou velha roupa colorida
Esquecer as fezes dos fones
Falar do país
Expor a cicatriz de um povo cindido
Compilado numa cerca de arame farpado
Ferozmente ferido
Sem som que trate disso tudo
Sem espaço pra novos formatos, tudo agora é compactado
Importado
Formatado
Embalado
Descartado
Harmonizado
Copiado
Cuspido
Cagado
E reciclado
Do mangue só saem baratas
Na Bahia só tem velhos baianos
Brasília uma velha legião de demônios sangra todas as artérias nacionais
E não vemos mais o cais do porto pra quem precisa chegar
Desligaram o microfone do plural
Fecharam o sinal para os jovens
Agora é assim assado
Vômitos "sertanejos"
Forrós feitos de plástico
E o povo continua em silêncio
Sem alguém que cante sua luta com racionalidade
Vamos ficando cizudos
Outros ficam suntando o tempo
Os velhos cultuando o passado
Sei que disseram que o novo sempre vem
Mas, acho que ele perdeu o trem das sete
O que faremos para tragar um pouco de poesia ?
O que faremos com toda essa agonia
Sempre mais do mesmo
É isso que você queria ouvir
Aumente o som
É hora de ouvir o século passado