Como nós fomos multiplicados
Nascemos uma só criatura adentrando num universo a princípio totalmente desconhecido, com mistérios, conflitos, alegria, tristeza e demais mazelas que provavelmente não trazemos do ventre materno. No entanto, a partir do instante em que somos inseridos nesse mundo cheio de contradições, guerras, lágrimas, sofrimentos e êxtases, passo a passo vamos nos transformando e nos multiplicando em muitas outras personagens. As nossas atitudes vão se modificando na razão direta do cenário onde estamos e das pessoas com quem precisamos interagir.
A própria condição da sociedade nos leva ou nos impõe o somatório de novos egos ao longo do tempo. De bebês completamente inocentes e crianças ingênuas, paulatinamente a vida nos conduz a ser mentirosos, enganadores, traidores, amigo, falso, e mais o sem número de caracteres que percebemos em nós mesmos e nos tantos à nossa volta.
Por causa das múltiplas personalidades que encaramos e com as quais nos deparamos diariamente, desde cedo aprendemos a desconfiar, pensar duas vezes antes de decidir sobre algo e viver sempre com o pé atrás. Decerto todos nós possuímos os mesmos defeitos e virtudes dos semelhantes, uns mais outros menos.
O certo é que não somos uma só pessoa na convivência humana porque nos tornamos várias por imposição do ambiente, vestimos hábitos e nos modificamos. Embora saibamos que o hábito não faz o monge, a vestimenta nos faz parecer assim momentaneamente conforme as circunstâncias e necessidades.
A influência benéfica e/ou igualmente maléfica dos que nos cercam a vida toda e daqueles com quem interagimos de vez em quando altera nosso comportamento desde a infância, de maneira que se bem sejamos o mesmo, ou procuremos ser, somos muitos mais do que pensamos. Basta consultar a consciência.