O COROINHA QUE DEIXOU O PADRE NA MÃO.
Antes um pouco de ingressar no seminário, aliás, pré-seminário, quando tinha de 10 pra 11 anos, como a minha mãe, uma beata de carteirinha, sempre me chamava para acompanhá-la até a igreja diariamente, aos poucos fui pegando gosto pelas coisas sacras e quando menos esperava já tentava ajudar o vigário, na ausência do verdadeiro sacristão. De tanto perceber a minha dedicação, o padre da minha cidade foi me estimulando, orientando, ajudando até que falei para minha mãe que queria no futuro ser um padre. Pronto, foi aquele Deus nos acuda, pois ela começou a espalhar nas suas conversas que o seu filho queria ser padre e coisa e tal. E neste ínterim, comecei mesmo a ajudar ao padre em quase todas as suas atividades, menos é óbvio, na hora da confissão. Pois aqui é só ele e o (a) penitente. Agora quanto a missa, batizado, casamento etc., eu estava quase sempre nas "barras da batina" dele. Sim, naquele tempo em que esta veste era obrigatória. Acontece que havia um detalhe que me esqueci quanto aquela vontade de ajudar ao padre. Foi no dia em que faleceu uma pessoa famosa, querida na minha cidade e o vigário teve que acompanhar o féretro até ao cemitério para ali fazer as últimas orações e encomendar a alma do falecido. Só que ele se esqueceu de combinar comigo, o coroinha medroso, pois quando morria alguém ele logo se escondia para não acompanhar a mãe ou parentes ao velório, quanto mais ficar ao lado do padre e do caixão bem próximo da sepultura. Pernas pra que te quero, fui foi jogar bola com os meus coleguinhas, mesmo sendo arriscado a levar um puxão de orelhas da minha mãe e principalmente do padre que deixei na mão naquela hora triste, mas eu tinha o maior pavor, com medo de à noite sonhar com alma penada. Pura coisa de criança!