ABC Das Fobias

 

      O que consigo entender sobre a diversidade de fobias e seus eventuais sintomas, é que os efeitos colaterais são: medo, aversão, raiva, náuseas, nojo, repulsa, desprezo e que causam diversos tipos de reações adversas, muitas vezes automáticas. Essa pequena brincadeira com a palavra fobia, é apenas uma tentativa de mudar o foco sobre ela e tentar controlar nossos preconceitos.

 

      Amorofobia: o medo de se render ao amor. Abusemos do oposto dessa fobia e pelo que me consta apenas um homem não foi em absoluto amorofóbico.

      Bonofobia: a incapacidade de praticar o bem sem olhar a quem. Muitas pessoas realmente trabalham contra o mal e promovem o bem. Ainda assim, falta muito para aplacar as maldades e injustiças que imperam por aí. Seja portador de compaixão!

      Cordiofobia: que bom seria se os bons corações comandassem as ações humanas, ainda que fossem associados a boa racionalidade. Ao invés disso estamos a mercê de corações enrijecidos, odiosos e excludentes. 

      Desconhecitofobia: tudo que foge ao nosso conhecimento e aceitação, não damos importância ou desprezamos. Uma tentativa de se fechar ao novo, de não aceitar o desconhecido e se incomodar com as descobertas alheias. Quando estagnamos no tempo, algo está errado dentro de nós.

      Estáticofobia: como é difícil parar, meditar, manter o foco, nesse mundo hiperativo. Dê um “pause” em sua vida de vez enquanto, tente afastar todos pensamentos e inquietudes. Permita-se evoluir! 

      Felicifobia: precisamos focar na possibilidade em estar de bem com a vida, com isso contagiar as pessoas ao nosso redor. Aprendamos a suportar e aplaudir a felicidade dos outros e sejamos felizes com as nossas conquistas.

      Generosifobia: falta tanta generosidade para termos um mundo melhor e mais justo. Será que fora da caridade o mundo tem salvação. A magnanimidade deveria ser algo mais implícito nas pessoas.

      Hiperfobia: não deixemos que nossas fobias ganhem grandes proporções. Esse sentimento ainda que pequeno precisa e dever ser combatido, entendido e trabalhado.

      Igualofobia: ainda que sejamos únicos em nossa minuciosidade devemos pregar a igualdade para promover o bem comum. Abolir de vez o mal da desigualdade, sem endeusar ou menosprezar qualquer ser humano.

      Justiçofobia: compreendo a descrença na justiça dos homens, reflexo de nossas imparcialidades. Ser justo seria tratar todos da mesma forma, mesmo em nossas singularidades?

      Kennefobia: seria a soma das fobias do autor deste texto. Entendo que falando desses males, quem sabe, me sirva de reflexão e evolução. Mas adianto que padeço dos mesmas mazelas da maioria, sofrendo a influência do meio.

      Lindofobia: será que é achar feio tudo aquilo que não é espelho? Ou seja, o belo não pode partir de premissas prontas e olhar único. Liberte-se dos padrões e imposições globais. Rendamos a particularidade de cada olhar, respeitemos a visão dos outros.

      Megalofobia: me parece a velha máxima de ser o melhor e levar vantagem em todos os quesitos. Ninguém é tão bom que não possa aprender com o outro, desça do trono e aprenda a aplaudir!

      Negafobia: o medo de dizer não ou receber um não? Muitas vezes nos deparamos com essa dificuldade. Ser assertivo ou receptivo em dados momentos é uma arte dominada por poucos. Boa hora para praticar a empatia!

      Ouvifobia: impaciência de emprestar nosso ouvido para alguém e principalmente focar em sua fala. Quase sempre queremos deletar o que o outro diz ou dizer-lhe soluções, quando o locutor precisa apenas ser ouvido.

      Politifobia: simplesmente a politização do outro indivíduo não é adequada, a polarização torna-se a mãemestra de caminhos antagônicos. De um lado o espeto e do outro a brasa, não percebem que as forças contrárias levam ao caminho do meio, ainda que seja o pior. Se dois burros atrelados e de mesmas forças, se cada qual puxar em sentidos opostos, qual atingirá sua moita de capim?

      Querofobia: medo do querer do outro ou do seu próprio querer? A ambiguidade dessas duas vertentes pode nos levar a vala comum. Querer é poder? Qual deles, o seu ou o do outro?

      Rarofobia: muitas vezes nos opomos ao raro, o que foge aos padrões, as minorias. Por que nos perturba as condições do outro se não nos causam nenhum problema? Gostamos de ser e somos únicos, porém nos incomoda quando alguém é singular em demasia.

      Santifobia: ridicularizamos as pessoas que são intituladas “santas” demais. Ou seja, indivíduos que estão sempre estendendo a mão para o seu semelhante. Estas figuras iluminadas incomodam a nossa falta de consideração ao semelhante.

      Teofobia: me parece um dos piores sentimentos, mesmo sendo verdade que em nome dele já foram feitas muitas atrocidades ao próximo. O que diferem dois Deuses que pregam o bem senão a intolerância religiosa humana.

      Unifobia: com todas essas fobias rondando por aí, pergunto se realmente é possível a união das pessoas? Há muito conflito de interesses e com isso a formação de pequenos grupos segundo nossos interesses. A macro união que se exploda!

     Visiofobia: temor de abrir os olhos para o óbvio ou simplesmente fazer “vista grossa”. Quanta soleira limitando as percepções, principalmente quando é de nosso interesse e comodidade. 

      Xenofobia, aversão ao que se percebe estrangeiro ou estranho. Em um país tão eclético como o nosso, parece quase impossível algo do tipo. Cuidado, aparências podem ser muito enganosas, dê-se oportunidade de se misturar.

      Zelofobia: o temor de ser zeloso com as pessoas, com a fauna e flora. Para preservar e cuidar realmente é preciso ter muita coragem e desapego. O cuidado há de ser geral, não a bel prazer!

 

      Será que devemos permitir o engessar de nossas fobias? Até entendo que algumas fobias são necessárias para preservar nossa integridade física ou psicológica, mas não podem ser paralisantes ou hostis. Nos permitamos criar e internalizar desfobias, principalmente quando elas são descabidas e preconceituosas. Trabalhemos na soma e multiplicação da igualdade, em detrimento da subtração e divisão. Não parece uma matemática mais coerente?

 

 

Kennedy Pimenta 🌶️