QUANTO VALE A PALAVRA?
Fui criado à moda antiga e me ensinaram desde pequenino que o homem de caráter é aquele que honra o que fala. Aliás, esse ensinamento não precisa ser veiculado no meio daqueles homens que ainda se apegam ao comportamento leal travado entre aquelas pessoas que se estabeleceram dentro de uma conduta que lembra um silogismo: O homem fala o que pretende, logo, deve cumprir o que promete.
Hodiernamente, pouquíssimas pessoas se encaixam nesse perfil. Nem mesmo o Presidente da República que deveria ser o primeiro a honrar o que fala, anda na contra mão da palavra e vai falando o que pensa no momento, mas no andar da carruagem acaba demonstrando o quão é fácil dizer, quando não se tem responsabilidade com o que fala. O curioso é que muitas vezes uma ‘mentirinha’ que é contada para um País inteiro não é capaz de impor nenhuma conseqüência para o próprio autor da mazela, a não ser o seu próprio desgaste político, pois o povo já não é tão ingênuo como antigamente ao acreditar em qualquer coisa que uma autoridade pronuncia. Assim, quando o Lula admoestou um Ministro porque tinha afirmado que com a perda da CPMF o Governo teria de aumentar os impostos - afirmando que isso não era verdade - estava fazendo um jogo de palavras apenas, até porque a recente implantação da IOF demonstra que até nosso Presidente não honra o que diz.
Aliás, o valor da palavra tem sido um objeto de extinção neste mundo de gente sem honra. Os políticos que o digam, pois em época de eleição pregam todas as saídas para os problemas da sociedade, no entanto, logo que eleitos ficam no “dito pelo não dito” e só fazem aquilo que lhes interessa dentro do seu próprio contexto político, esquecendo-se das inúmeras promessas que fizeram ao eleitor para poderem se eleger.
Muitas pessoas ingressam nos Tribunais reclamando seus direitos, em razão de promessas que lhes foram feitas, mas que não passaram de um amontoado de palavras sem valor, pois no momento da aplicação prática do acordado, nada acontece de real. Essa torpeza do caráter, que anda ao lado daquelas pessoas que querem se dar bem à custa do sofrimento alheio, causa sérios transtornos sociais, pois podem levar uma pessoa a infortúnios sem precedentes. Lembro de um fato ocorrido numa oportunidade em que fui visitar uma cidade interiorana na companhia de um parente próximo. Este último, para poder contar vantagem, prometeu a um cidadão daquela cidadezinha que poderia vir para a Capital que lhe daria emprego no mesmo local onde trabalhava. Aquela pessoa humilde e sem checar melhor a informação gastou o que não tinha e veio cheio de esperança ao encontro do seu benfeitor, mas descobriu que tudo não passava de uma expressiva lorota, frustrando toda sua expectativa. Esse fato só não resultou em morte, porque o loroteiro tinha sorte e não foi encontrado pelo cidadão enganado.
Para mim a palavra ainda é lei. Por isso muitas vezes sou obrigado a dizer não. Evidente que um não pode ferir uma pessoa, mas não tanto quanto uma mentira. Em certas oportunidades a verdade pode até chocar, no entanto, se for conduzida de forma respeitadora e com fundamentos louváveis é preferível ao que enganar uma pessoa dizendo o que não pensa, ou fazendo-a pensar no que não é real, colocando-a em risco de sofrer as conseqüências quando vier a deparar com a verdade.
Não devemos olvidar, contudo, das questões diplomáticas que muitas vezes temos de administrar, mas não com o fim deliberado de enganar, porque o objetivo principal é não melindrar ou não causar constrangimento à pessoa, quando temos conhecimento de um fato que lhe desagrada e temos o dever de informá-la. Nesse caso, é admissível uma pequena dose de metáforas que podem não significar uma mentira, mas apenas a tentativa de informar por exemplos ou até por dicas indiretas. Isso ocorre, por exemplo, quando deparamos com uma traição, um adultério etc. Informar a pessoa diretamente pode redundar em traumas e em desgastes que podem ser evitados.
O importante é agir conforme se fala. Encontramos muitas pessoas por aí que falam muito, mas não fazem nada para poderem provar o que falam. Até no mundo jurídico essa faceta se repete muitas vezes, quando vemos um profissional do direito escrever, escrever, falar e falar, mas em momento algum se preocupa em provar o que diz. Acredito que a melhor técnica é ‘matar a cobra e mostrar o pau’ - como diz o provérbio popular - ou seja, quem afirma deve fundamentar e demonstrar os elementos que podem comprovar a verdade do que está sendo dito.
Enfim, a palavra é sábia, mas também é traidora, por isso que a tem como meta de vida deve primar pelo seu melhor meio de produção que é a lealdade com o seu fato gerador, pois só assim, terá respaldo para ser conhecido pelas pessoas como alguém que dá valor à palavra e não alguém que fala por gostar de imitar o papagaio; Não é !!! Presidente LULA???