OS BANCOS NO BRASIL

OS BANCOS NO BRASIL

Um amigo que me visitou, neste fim de semana, comentou sobre o alto valor que paga ao banco por manutenção de sua conta ativa, por um extrato ou por um doc., hoje quase inexistente em razão da criação do PIX.

Preliminarmente, chegamos a concluir que é por isto que os bancos lucram tanto.

Mas tem mais coisas para justificar o sucesso do sistema bancário brasileiro.

Durante a conversa comecei a me lembrar que quando comecei a ser bancário, nos meses de junho e dezembro, os bancos calculavam e creditavam nas contas dos clientes os juros que lhes eram devidos por terem confiado suas economias para depósitos a vista.

Com a reforma bancária de 1967, esta prática foi abolida e os depósitos à vista deixaram de ser remunerados.

Na década de 80 com a espiral inflacionária os bancos começaram a pagar taxas por aplicações de renda Fixa o que permitia, determinar o prazo a que poderia ser cedido a tomadores de empréstimos.

Em decorrência da diferença de taxas pagas e recebidas, os bancos brasileiros obtiveram grandes lucros, além ficarem entre os mais sofisticados e desenvolvidos do mundo.

No governo Itamar Franco, com a política econômica do Sr. Fernando Henrique Cardoso, então Ministro da Fazenda, a curva inflacionária foi decrescendo e com ela o tamanho das taxas tanto na captação quanto na aplicação foram, também, sendo reduzidas.

Nos dois governos de FHC e nos de Lula, seu sucessor, a atitude de queda da taxa Selic determinou que por quase duas décadas a política de juros se mantivesse estável.

Aparentemente, isto é um golpe para os bancos em qualquer país do mundo. Mas não o é para o nosso sofisticado sistema bancário.

Algumas medidas precisavam ser tomadas para garantir que o sistema continuasse funcionando dentro de uma normalidade que não alterasse os destinos da política econômica do país e o lucro do sistema bancário.

Dentre os inúmeros procedimentos, com a conivência dos presidentes Itamar, FHC e Lula, as mentes brilhantes do Sistema Bancário adotaram os seguintes caminhos:

a) Reduziram, drasticamente, os Recursos humanos empregados no sistema e, como uma cortina de fumaça para afastar possíveis reclamações aumentou, exponencialmente, a sua rede de atendimento, mediante Postos de Serviços avançados (bancos privados e públicos) e credenciamento de agentes, via convenio com Casas Lotéricas (CEF) para atendimento de toda a sorte de pagamentos ou recebimentos.

b) Com isto aumentaram o nível de atendimento e reduziram o custo de pessoal, por transferência de tarefas, obtendo uma economia real na ordem de 90%

c) Criaram categorias funcionais de ingresso, com salário muito baixo, para admitir a grande massa de jovens que desempregados acorrem em milhares para inscreverem-se em concursos do Banco do Brasil, da CEF e dos demais bancos oficiais, para obterem um emprego estável com alguns benefícios sociais, mesmo que um salário miserável. Estes concursos, tem ainda uma taxa de inscrição o que torna o processo realizado a custo zero.

d) Com a ajuda dos governos, os bancos, oficiais e privados são os agentes arrecadadores de todos os impostos e taxas devidos a união, aos estados e municípios. Isto lhes garante um ingresso de todo o volume da carga tributária nacional, a custo zero, com repasse posterior para as contas devidas, cujos valores ficam, novamente, depositado no sistema. Os impostos e Taxas Federais, nos Bancos Oficiais Federais, os estaduais e municipais, geralmente, nos bancos dos estados respectivos.

e) Com a conivência do Estado Brasileiro, os bancos remuneram a poupança a juros 0,50% ao mês mais a variação da TR o que resulta em um custo de menos de 1% ao mês para o poupador. De igual sorte, aplicações de grande valor em renda fixa ou fundo de investimento obtém, no máximo, a rentabilidade da taxa Selic. Paradoxalmente, o sistema aplica junto aos tomadores de recursos via produtos tipo cheque especial, capital de giro, desconto de duplicata, cdc, financiamento de veículos, e qualquer outra modalidade de crédito, a taxas que variam de 4% a 7% ao mês. Quer dizer o sistema paga, no máximo 12% ao ano e aplica a ,no mínimo, 100% ao ano.

f) Com o aval do segundo governo do presidente Lula, o sistema passa a emprestar dinheiro para os aposentados, consignado em folha de pagamento, com risco zero e taxas que chegam a 30% ao ano.

g) Respaldado na Lei, todo o devedor do sistema, que deixar de lhe pagar, é inscrito em Créditos em Liquidação. O valor do empréstimo é lançado em uma conta de prejuízo e abatido diretamente do Imposto de Renda a Pagar. O devedor, no entanto, continua com a obrigação de pagar o débito contraído.

Durante a conversa o meu amigo começou a ficar irritado com as minhas explicações e encerramos o assunto, para evitar raivas e ressentimentos desnecessários.

Concluímos, no entanto, que neste país, não existe negócio melhor que o bancário, pois recebe dinheiro de graça da arrecadação do governo, tem uma enorme quantidade de lotéricos e pontos de atendimento que fazem toda a arrecadação, pagamento de saques, aberturas de contas e outros serviços, a custo muito baixo, quase zero. Quando lhe emprestam dinheiro (poupadores e aplicadores) paga menos de 1%. Quando aplica dinheiro (tomadores de recursos pessoas físicas e jurídicas) o faz a taxas que variam de 4% a 7%, ao mês!

Tem poucos funcionários, com custo de salários muito baixo.

Cobra, dos clientes por qualquer tipo de atendimento e serviço, tarifas médias acima das praticadas em outros países do mundo.

Se ressarce, perante a União, de contas que não lhe são pagas e fica com o direito de cobrá-las do devedor original.

Se quebrar, o que é quase impossível, o governo garante os créditos de seus clientes.

Seus dirigentes, raramente são responsabilizados...

Concluímos, finalmente, que o Brasil é o paraíso dos bancos e que, por depender deles para financiamento a classe política permite, que o sistema que eles integram, se locuplete do dinheiro que deveria financiar a criação de empregos, o saneamento básico, a saúde, a educação, a cultura do povo brasileiro.

Este mesmo povo que come calango no Nordeste, que tem emprego escravo no Sul, que nas sinaleiras, criança vira gente grande, assaltante, traficante ou assassino.

Os que não seguem o caminho do crime matam as suas fomes, catando restos de comidas nas caixas de lixo das ruas das cidades ou comendo galinhas podres dos lixões periféricos de nossas capitais.

É por isto, meus amigos que, no Brasil, os Bancos serão sempre eternos...!!!

ERNER MACHADO
Enviado por ERNER MACHADO em 24/06/2024
Código do texto: T8092521
Classificação de conteúdo: seguro