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Hoje, durante a missa, observei um pai com seu filho excepcional, um jovem de cerca de 20 anos. Fiquei impressionada com a paciência dele  ao pegar o livro da missa, mostrar ao filho o que estava sendo lido, e, durante as músicas, ensiná-lo a cantar. O pai, curvado como se carregasse o mundo nas costas, parecia sobrecarregado não apenas pelo peso físico das responsabilidades diárias, mas também pelo fardo emocional. Enquanto o padre falava sobre as tempestades da vida, fiquei pensando nas inúmeras que aquele homem já enfrentou, e continua enfrentando.

 

Logo que sentei no meu lugar costumeiro, a Carol, que também tem um probleminha de atraso mental,  veio correndo me mostrar suas fotos quando criança e algumas fotos da família. Ela não consegue se expressar verbalmente, mas com o tempo, aprendi a entender sua linguagem. Ela só quer atenção, e essa é a forma mais pura de comunicação para ela.  Observar as pessoas e entrar um pouco no seu mundo me ajuda a entender meu, meus medos e inseguranças. 

 

O padre falava sobre tempestades e como deveríamos enfrentá-las, sem permitir que definissem nossa trajetória. Ele falou sobre respirar fundo, expirar e criar dentro de nós uma capacidade de recuperação, acreditando que Deus coloca essas tempestades em nosso caminho porque sabe que temos condições de superá-las, que nao devemos nos aprofundar nelas, mas sim nos enforçarmos para atravessá-las.

Naquele momento olhei outros rostos, tentando adivinhar suas próprias tempestades e percebi que todos somos seres humanos quase iguais, cada um com sua trajetória única. Aquelas pessoas, assim como eu, estavam ali não só para agradecer, cantar e sentir a corrente do bem, mas também para ouvir uma palavra que lhes acrescentasse algo ao seu dia.

 

Já faz um tempo que comecei a escrever um diário de gratidão. Não é preciso muitas palavras, apenas coisas que fizeram diferença no meu dia.

Minhas gratidões de hoje são:

  • Perceber o mundo daquele homem com seu filho, que enfrenta desafios constantes e lida com a sociedade, exigindo uma força interior gigantesca. Ao observá-lo, enxerguei minha fraqueza e percebi o quanto preciso aprender a ser forte.
  • Olhar as fotografias da família da Carol, entrar em seu mundo e entender sua linguagem subentendida me fez notar que muitas vezes podemos compreender as pessoas, mesmo no silêncio. Não são necessárias palavras grandiosas, pois, a comunicação verdadeira vai além das palavras, como por exemplo, ouvir com o coração.

Escrever este diário  tem sido uma prática que me permite concentrar nas pequenas (mas grandiosas!) coisas que trazem alegria e significado à minha vida. Ele também me lembra que sempre há algo a ser grato, mesmo nos dias mais desafiadores.

 

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Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 24/06/2024
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