A REVOLUÇÃO EDUCACIONAL NA ERA DIGITAL ("E chegou o dia em que o risco de continuar espremido dentro do botão era mais doloroso que o de desabrochar."— Anaïs Nin)

A metáfora de Charles Canela, "Na internet, somos um", ilustra perfeitamente como a rede tem o potencial de nos unificar, assim como pequenos rios que desaguam em grandes rios, até encontrarmos o mar da unificação. No velho normal, a escola desconhecia a riqueza de conteúdos e a autonomia que a internet nos fornece, frequentemente sobrepujando os professores. A ideia de um aluno escolher o que quer que a escola lhe ensine era considerada absurda, semelhante a um paciente ditar ao médico o remédio que deve tomar. Na escola, as restrições eram muitas: não se podia usar camiseta de time, boné, celular, não podia Aprovar sem nota boa, não podia nada. E ainda, em quarentena, não se pode ir à escola, e teriam de aprender de lá. A negação era constante, gerando um ambiente sufocante.

Os lugares na frente da sala eram reservados para os piores alunos, numa tentativa de conter a indisciplina. Era só conferir o mapeamento da sala para ver os bons alunos relegados aos fundos. Com a chegada dos trabalhos virtuais, a justiça foi feita. Ficou evidente que as metodologias das coordenadoras estavam equivocadas. O novo normal revelou-se tão distante do velho normal quanto os turnos de uma escola no regime presencial, que parecem três entidades diferentes: matutino, vespertino e noturno. Sinto saudade daquela oposição construtiva, quando eu dizia que tal aluno era péssimo em minha disciplina, e uma colega contestava, dizendo que ele era excelente em geografia.

Eu acredito no ensino de conteúdos e na memorização, enquanto outros acreditam no desenvolvimento de habilidades e competências, desprezando o "decoreba". A pandemia nos forçou a reavaliar métodos e paradigmas, expondo falhas e injustiças do velho normal, mas também oferecendo a chance de corrigir rumos. A verdadeira justiça educativa será atingida quando conseguirmos integrar as melhores práticas do ensino presencial com as vastas oportunidades do ensino virtual.

A internet unificou intelectualmente, nos fazendo falar a mesma língua. Antes, a escola era cheia de regras chatas e restritivas, e agora, com a pandemia, descobrimos que o ensino presencial tinha mais problemas do que soluções. Os alunos agora têm mais autonomia, escolhendo o que aprender e quando aprender, o que muitas vezes resulta em um aprendizado mais significativo e envolvente. O antigo modelo de disciplinar os alunos colocando-os na frente da sala mostrou-se falho, e a equidade no ensino virtual corrigiu muitas dessas injustiças.

Estamos testemunhando uma verdadeira revolução educacional. A máquina, a internet, nos unificou intelectualmente e ofereceu a oportunidade de aprender de maneira mais personalizada e livre. Essa transformação mostra que, por trás de cada regra, existe uma história e, por vezes, uma injustiça. Compreender e adaptar-se a essa nova realidade é essencial para um futuro educacional mais justo e eficiente.

1. Como a internet e a pandemia modificaram a dinâmica do ensino tradicional, desafiando métodos pedagógicos estabelecidos e promovendo maior autonomia dos alunos?

2. De que forma o texto apresenta o contraste entre o "velho normal" e o "novo normal" na educação, e quais são as principais mudanças e desafios identificados nessa transição?