Questão de Tempo
Era uma vez um senhor chamado Tempo que morava em um relógio de parede - daqueles bem antigos, que você dá corda e ele faz "tic-tac" sem parar. Tempo era um sujeito muito ocupado, mas tinha um senso de humor afiado, gostava de pregar peças nas pessoas. Ele sabia que todo mundo estava sempre correndo atrás dele, e se divertia vendo como cada um lidava com sua presença.
Tempo percebeu que as pessoas tinham uma relação complicada com ele. Alguns o chamavam de tirano, outros de amigo. Uns queriam que ele passasse mais devagar durante os momentos bons e voasse nas segundas-feiras de manhã. Era um relacionamento de amor e ódio. "Ah, humanos, sempre tão dramáticos", pensava Tempo, rindo para si mesmo.
Ele observava como as pessoas dividiam suas vidas em passado, presente e futuro, sem perceber que ele era um só. Alguns falavam em apenas viver o momento, mas Tempo sabia que não era fácil assim. Afinal, quem consegue ignorar o "tic-tac" incessante de um relógio?
Um dia, Tempo decidiu fazer uma experiência. Parou todos os relógios do mundo por um único minuto. As pessoas ficaram atônitas. Algumas entraram em pânico, outras se sentiram livres e houve quem nem percebesse, também. Sem o "tic-tac" para lembrá-las de suas agendas, prazos e compromissos, muitas se perguntaram: "O que eu estou fazendo com a minha vida?"
No entanto, quando Tempo voltou a andar, como sempre faz, muitos perceberam que não era ele o vilão da história. O problema estava na forma como cada um usava (ou desperdiçava) o tempo que tinha. Foi um momento revelador. Afinal, Tempo é democrático: dá a todos 24 horas por dia, sem favoritismos.
Assim, Tempo continuou seu trabalho, sabendo que, no fundo, o segredo estava em como cada um decidia viver aqueles preciosos "tic-tacs". Ele sorriu, ajustou seu chapéu de ponteiro e seguiu em frente, pois afinal, a vida é uma questão de tempo.
FIM