UMA ENTREVISTA SINGULAR FRUSTRADA

Prólogo

Uma entrevista singular é uma conversa única e memorável entre o entrevistador e o entrevistado, onde são explorados temas profundos e pessoais.

Diferente das entrevistas tradicionais, que seguem um roteiro rígido, a entrevista singular se destaca pela espontaneidade e pela capacidade de revelar aspectos inéditos da vida e da personalidade do entrevistado.

Por exemplo, imagine uma entrevista com uma pessoa idosa (75 anos) que é considerado uma lenda pelos seus feitos e por ser pouco conhecido, além de falar sobre seus hábitos, compartilha histórias pessoais que inspiraram os mais jovens.

O entrevistador, atento e curioso, faz perguntas que vão além do superficial, permitindo que o entrevistado se sinta à vontade para abrir seu coração e revelar detalhes íntimos e emocionantes.

Essa abordagem não só enriquece o conteúdo da entrevista, mas também cria uma conexão genuína entre o entrevistador, o entrevistado e o público, tornando a experiência única e inesquecível. – (Nota deste Autor).

LOCAL E INÍCIO DA ENTREVISTA

Em Campina Grande, PB, na praça da Bandeira, Centro, fui entrevistado por um ex-soldado, agora um idoso jornalista. Ele e eu servimos juntos na 3ª Cia/Fzo, do 15° Regimento de Infantaria Motorizado, sito em João Pessoa, PB, hoje 15º BI Mtz, no ano de 1971.

– No próximo ano vou me aposentar. Creio que essa será minha última entrevista com uma pessoa tão especial igual ao senhor. – Disse Eugênio, perguntando:

– O que o senhor fez ontem pela manhã? Ainda costuma acordar cedo, como fazia quando estava no serviço ativo?

– Fui cedo à padaria comprar pães para o café da manhã. Caminhei solitário sob a chuva teimosa, os poucos cabelos prateados estavam molhados, mas os passos eram firmes.

Caminhei pensando, lembrei-me dos mais jovens, adolescentes e/ou adultos acomodados, ainda dormindo. Sempre fui proficiente e pertinaz. Afinal, que mal me poderia fazer uma chuva simples e tão benéfica para a natureza?

As gotas caiam, como lágrimas, e eu seguia adiante, desafiando o tempo. Talvez eu estivesse buscando algo apenas me permitindo sentir a melancolia que a chuva me traz.

Meus pensamentos se misturavam com as gotas finas, e eu seguia tal qual um viajante solitário na chuvarada que apenas iniciava. Deu tudo certo! Cheguei em casa. Fiz o café. Assei um generoso pedaço de queijo pré-cozido e aqueci a única pamonha, sobra do jantar da noite anterior. Continuo simples, desde que entendi que a soberba não nos leva a lugar nenhum.

– Depois que saiu de Campina Grande, indo para o Rio de Janeiro, RJ, fez curso superior? Formou-se e voltou doutor?

– De vez em quando tenho lampejos nostálgicos do tempo em que eu era sargento do Exército. Também tenho sonhos com alguns companheiros, atualmente muito doentes, e outros precocemente já desencarnados.

Alcancei, por mérito e extremada resiliência, o oficialato e fui para a reserva remunerada. Adotei outro estilo de vida, com novos desafios e progressos desejados. Preparei-me para a reserva que chega inexorável para todos nós militares.

Alguns militares, sem eu compreender a causa, depois que passam para a reserva, retornam ao serviço ativo como Prestador de Tarefa por Tempo Certo - PTTC. Recebi esse convite em Brasília, DF, mas não aceitei por entender que já havia cumprido minha missão.

Respeito a decisão dos companheiros que aceitam o retorno como PTTC, para isso são remunerados com um percentual extra do soldo. Repúdio o apelido jocoso de "vampiro" que os militares da ativa lhes impõe.

Minha formação, agora noutra fase da vida, é jurídica. Eu me formei em 1993, com muito sacrifício, na UFRJ. Ainda na Universidade, mediante concurso demasiado concorrido, fiz Estágio Profissionalizante na OAB/RJ, mas não sou doutor porque não fiz doutorado.

Fiz pós-graduação. Sou advogado com registro na OAB/PB. Aliás, até os médicos, de modo equivocado, são chamados de “doutores” sem formação em doutorado. (risos).

– Tenho lido algumas de suas publicações no Instagram, Facebook e no Recanto das Letras. O senhor continua eclético! Por que escreve tanto e de forma tão difícil, isto é, usando palavras pouco usuais?

– Escrevo para mim mesmo como terapia ocupacional. Estudo, pesquiso, aprendo e ensino. Não escrevo para intelectuais nem secundaristas... Tampouco escrevo para apedeutas, pois seria um cretino se fizesse isso! Creio que pelo pouco ler as pessoas entendem que escrevo difícil e isso talvez seja verdade.

Descobri que meus seletos leitores fazem poucos comentários aos meus escritos. As pessoas que escrevem como falam (linguagem coloquial) têm dificuldades na linguagem formal e por esse motivo temem errar ao escrever. Isso não me ajuda em nada.

Gostaria de ser mais vezes criticado. Isso me faria aperfeiçoar meus escritos, mas infelizmente apenas uns poucos leitores “curtem” meus devaneios com o “emoji” de um polegar para cima sem ao menos ler o texto. Compreendo essa indiferença e/ou limitação cultural, nem todos são dedicados e recalcitrantes igual a mim, mas isso é lamentável!

EXPLICANDO O TERMO “emoji”

"Emoji" é um pictograma ou ideograma, ou seja, uma imagem que transmite a ideia de uma palavra ou frase completa. O termo é de origem japonesa, composto pela junção dos elementos e (imagem) e "moji" (letra).

A ENTREVISTA INTERROMPIDA SUBITAMENTE

– Desculpe-me... Meu telefone... Porra! Nem posso mais trabalhar... Essa merda toca o tempo todo. Preciso ir. Desculpe-me amigo. Marcaremos para outra ocasião. Sei que é difícil, mas tentarei lhe encontrar.

– Tudo bem, sem problemas, mas da próxima vez, se acontecer, desligue seu celular! Quando eu inicio uma conversa com alguém, seja com quem for, coloco uma mensagem resposta automática dizendo: “Darei retorno tão logo me seja possível”. Ah! Também faço isso nas clínicas, laboratórios, instituições financeiras, em audiências no Fórum e quando estou dirigindo.

CONCLUSÃO

O toque do celular em uma ocasião inoportuna pode ser bastante embaraçoso. Imagine estar em uma reunião importante, em uma cerimônia solene ou até mesmo em uma aula, e de repente, o som alto e inesperado do seu celular interrompe o momento. Isso não só distrai todos ao redor, mas também pode causar uma impressão negativa sobre sua atenção e respeito pela situação.

Para evitar esses momentos constrangedores, é sempre uma boa prática manter o celular com uma resposta automática, no modo silencioso ou vibratório em ambientes onde o silêncio é essencial. Fica a dica!