Que tempo bom!

Parando numa pracinha, na esquina de uma rua, igual a tantas outras de pequenas cidades, me distraio vendo um grupo de crianças que brinca alegremente, em um vaivém frenético para vencerem em cada acirrada disputa.

Vem à mente as boas lembranças do tempo de criança, e também da adolescência, do encontro da turma de amigos, ocupando as calçadas e ruas da minha cidadezinha, era diversão garantida.

Eram muitas as modalidades de competições, aproveitávamos o tempo livre para pular elástico, brincarmos de pega-pega, cobra cega, esconde-esconde, pique-bandeira, amarelinha, corrida do saco, e ainda medir forças no cabo de guerra. Eram verdadeiras batalhas, sempre suadas, mas disputadas de forma leal.

Já no final da tarde, se organizava as equipes, formadas para as peladas, onde os donos das bolas tinham suas vagas garantidas, e ainda a prerrogativa de escolherem os melhores peladeiros, meninos que se destacavam entre os colegas para jogarem em seus times, os menos habilidosos, normalmente eram escalados para o gol, era assim: “mandava quem podia, obedecia quem tinha juízo” ninguém queria ficar fora da brincadeira, mesmo estando “no banco” esperando a próxima “grade” em substituição ao time perdedor.

Seguia o jogo, as traves, sempre improvisadas, eram demarcadas com pedaços de paus, por pequenas pedras, chinelos, ou qualquer coisa que indicasse o caminho do gol, todos jogavam descalços, mesmos os "donos das bolas” a regra era clara!

Pouco se preocupavam com os possíveis calos nos pés, causados no atrito em pedrinhas, e pela aridez do solo, alguns arranhões nas canelas e raladuras nos joelhos fazia parte da diversão, em alguma entradas mais “pegadas” os colegas apaziguavam os ânimos dos vitimados, sob protestos e promessas de um breve revide, mas dava tudo certo, continuava o bate bola.

Iniciava na tardinha, durava até o início da noite, quando a mãe ou alguém de casa ralhava, reclamando pela hora do jantar. Mas, era só um pequeno intervalo, logo que os pais relaxassem a guarda, voltaria tudo de novo. Sob a luz dos postes, sentávamos nas calçadas altas para as brincadeiras “mais leves” entre elas, “passar o anel” era a grande oportunidade para meninos e meninas, se aproximarem um pouco mais, já tendo alguns garotos escolhidos as suas musas, e as meninas, mais discretas, também seus heróis prediletos.

A alegria sempre em alta, mesmo para entretenimentos mais “tranquilos” rabiscados com cacos de telhas de barro, no cimento das calçadas, tabuleiros de damas, gamão, jogo da onça, ainda o jogo da velha, modalidade mais popular, de fácil participação.

Alguns mais espertos, se juntavam para as competições de trava línguas, adivinhações e divertidas charadas. A prosa era muito animada, o tempo corria livre.

Brincar só fazia bem!

Em algumas competições, em caso de empates nas batalhas, pelo adiantado da hora normalmente ficava para o dia seguinte o “tira-teima” e, aos vencedores os louros!