Paradoxos
Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.
- Eu li em algum lugar que há mais igrejas no Brasil que escolas. É assustador!
- Eu li isso também e lembrei-me do amigo Lourival, quando falava das três atividades que dão dinheiro: ser político, ser pastor ou padre, e ser traficante.
- Ser traficante é ilegal, mas as outras duas são legais e protegidas. Isso explica o porquê de tantas igrejas no Brasil, não?
- Em contraposição, li um texto de um cientista argumentando que o Brasil precisaria substituir igrejas por laboratórios e centros de pesquisa. E substituir padres e pastores, por cientistas e professores.
- Será que esses paradoxos só existem aqui? Fico imaginando o que seria do Brasil, se as doações destinadas às igrejas fossem para institutos de pesquisa.
- Não só as doações, mas as isenções de impostos. Templos religiosos são isentos de pagar IR, o imposto de renda, e de pagar IPTU. Vantajoso, não?
- Os templos também são isentos de pagar o COFINS, a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social; o ITCMD, Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação, e o IPVA.
- Na minha avaliação, são exemplos de decisões legais, mas imorais; profundamente imorais. E nem estou considerando as contribuições dessas instituições religiosas.
- Há mais igrejas do que escolas. É fato! E essas escolas estão como? Bem equipadas, com infraestrutura adequada? Com um mínimo de laboratórios e de salas para idiomas? São espaços em que o estudante se sente bem?
- E como será que estão os funcionários e professores dessas escolas? Atualizados? Adequadamente treinados? Será que são bem remunerados?
- Essa situação reproduz o ciclo da miséria: não há educação para o pensar, para comparar e contrastar, para discernir criticamente. É a escola da vida que forma vassalos. E os vassalos cuidam para que tudo permaneça como está.
- Há anos, Lourival dizia que o rei está nu, mas desfila sua coleção de roupas para as multidões que veem sua nudez, mas não a denunciam. São cúmplices!