Lar de idosos VIII
Na noite em que a mãe saiu da cirurgia, ela foi direto para a UTI. A filha foi dormir em casa.
Na manhã seguinte, avisaram a filha de que a mãe iria para o quarto. A filha foi para o hospital para ficar com a mãe. A mãe estava sonolenta, tomava apenas dipirona pra dor, anticoagulante e alimentava-se já nesse momento com comida pastosa; bebia água. Tudo normal. Logo veio o fisioterapeuta, fez exercícios com a mãe e já a fez dar alguns passos pelo quarto.
A mãe respondeu a tudo muito satisfatoriamente. Apenas no que diz respeito à alimentação, comeu muito, muito pouco. Mas a mãe come pouquíssimo mesmo... sempre. Usou fraldas e tomou banho de cama.
A filha se alimentou bem e bebeu muita, muita água.
A mãe dormia quase todo o tempo. A filha não conseguiu dormir. toda vez que entrava no reino do sono, alguma enfermeira aparecia para medir pressão... verificar saturação... trocar fraldas... fisioterapeuta... médico de plantão... médico que havia feito a cirurgia... enfim... e cada um que entrava fazia perguntas... sobre a mãe, sobre medicação.... sempre havia algo pra filha informar. A filha, atendendo a mãe, atendendo a cada um que entrava, tensa pela situação toda, principalmente preocupada com o futuro nada tranquilo que sabia que a esperava, foi ficando cada vez mais exausta. Mas, ela tinha que aguentar porque era ela ou ela. Não havia ninguém com quem contar. Ainda não sabia de que havia enfermeiras que poderiam ficar tomando conta da mãe (R$ 350,00 em média por 8 horas) pra ela ir pra casa descansar. A mãe internou numa segunda-feira à tarde. fez a cirurgia na segunda à noite; ficou na UTI até terça-feira às 10 horas; saiu do hospital na quinta-feira à 14 horas. No tempo em que a mãe ficou na UTI, a filha foi pra casa pegar roupas e produtos higiênicos...
Assumiu tudo sozinha. E sabia que precisava encontrar uma clínica pra mãe, porque receberia alta dois dias após a cirurgia. A mãe não estava em condições de ir para casa e esperar calmamente que fosse encontrada a melhor clínica.
A filha tinha uma prioridade: que fosse o mais perto possível de sua casa. E elegeu a que encontrou... sem se preocupar em verificar as Avaliações no Google Maps (um alerta... lembre-se disso, se um dia você contratar esse tipo de serviço... embora...). Enviou uma mensagem para saber se havia vaga... falou diretamente com o proprietário que a direcionou para o gerente da clínica. Havia vaga, a filha fechou. A clínica em questão cobra o dobro de outras, que depois a filha pesquisou.
Não dizem que 'a pressa é inimiga da perfeição?' Mas aí não havia o que fazer. Era uma situação emergencial e fim.
Eu fico aqui pensando: a gente não se prepara para um monte de coisas... é normal, né? Ficaríamos loucos se tivéssemos de pensar em cada coisa que pode talvez, quiçá, provavelmente um dia acontecer. Se um imprevisto acontece, a gente lida com as ferramentas que têm em mãos.
E aguenta as consequências...
Depois vai moldando tudo pra se tornar o melhor possível.