Carta Aberta a Um Quase Amor
Acordei com a imagem do seu rosto ainda nítida na minha mente. Sonhei com você. Mas não tenho coragem de te contar.
No sonho, você me convidava para ir ao cinema. Era um convite simples, mas carregado de uma ternura que eu ansiava experimentar no mundo acordado. Seria maravilhoso receber essa mensagem, ver seu nome brilhando na tela do meu celular. Tenho a sensação de que nos encontramos em momentos da vida que não se alinharam por um triz. Nossos caminhos se cruzaram, mas nunca conseguiram se entrelaçar completamente. Foi gostoso, carinhoso, cheio de tesão. Mas, na época, eu estava preso em raízes profundas dentro de mim.
Quando finalmente aparei essas raízes, você já não estava mais tão perto. Te vejo de longe agora, observando seu jeito de ser, admirando suas conquistas e seus gestos. Te quero de uma forma insistente dentro de mim.
Adoraria passar manhãs, tardes e noites com você, ouvindo sua voz grave e doce sussurrando no meu ouvido ao acordar. Tocar sua pele, sentir sua presença ao meu lado. Dormir de conchinha, como fizemos ao menos uma vez, é uma lembrança que guardo com carinho.
Mas as coisas mudam muito rápido. Acredito que você perdeu o interesse. Talvez eu tenha passado uma imagem de não ser verdadeiro, eu acho. Escondi que estava saindo de uma relação porque, para mim, já não estava. Era mais sobre afastar os corpos do que os corações.
Sonho acordado com você em alguns momentos, permitindo-me ser levado por fantasias que pintam um futuro em que estamos vivendo momentos juntos. Não que minha vida esteja parada por sua causa. Eu me relaciono com outras pessoas muito queridas, e até com um amigo seu — algo que juro ser obra do roteirista celestial. Quando te vejo nas redes sociais, o desejo ressurge. Te quero, mas você não me dá mais bola. Me chama de amigo e não retribui minhas investidas, nem responde às mensagens. É como se eu fosse invisível, uma sombra do que poderia ter sido.
Mas acho que mereço isso. As consequências das minhas ações e das minhas omissões. Te vejo de longe, e por enquanto, isso me basta. Aceito esse papel de espectador da sua vida, ainda nutrindo um carinho que talvez nunca morra completamente.
Foi uma quase relação, um quase amor. Algo que tinha todos os ingredientes para ser pleno, mas que nunca se concretizou. E assim, vivo com a lembrança do que quase foi, do que poderia ter sido. Um quase amor