O "FAX"
Tenho uma ansiedade crônica e pode ser que seja ocasionada por um aumento de um dos lados de minha tireoide. Descobri essa possibilidade lendo o resultado de uma tomografia de tórax, mas decidi que não vou fazer NADA nem com essa glândula e nem com minha ansiedade. Por quê? Porque tenho fé em Deus que ela vai ficar quietinha e porque eu não suportaria ser o inverso do que eu sou: lerda e sonsa. Literalmente, eu fico irada, eu passo mal com gente assim.
Em face dessa minha característica, eu não aguento ler livros volumosos e assistir a vídeos ou filmes longos. Estou convencida de que eu jamais poderia ser romancista ou contista, e esta é a principal causa de eu optar por escrever crônicas de, no máximo, duas laudas.
Uma de minhas diversões prediletas são os “shorts” do YouTube. Costumo selecionar os que me divertem ou interessam e os envio aos amigos e familiares (Se eles gostam ou não de os receber é problema deles! Rs,rs,rs...). Dia desses eu ri muito com um vídeo curtinho do Facebook, de um sujeito chamado “Toninho Black”, sentado no vaso, declarando que só defeca, quando está no trabalho, e justifica com o argumento de que ele demora uma hora fazendo o “numero 2” e ninguém pode descontar no seu salário esse tempo.
Enviei-o via WhatsApp a vários amigos, que me responderam com emojis de risos, mas um deles me relatou uma história que me fez rir muito mais e a nossa conversa eu compartilho com você, modificando dados que possam identificar as pessoas e o local de trabalho:
Ele: Tenho uma experiência triste fazendo o “número 2” no trabalho. Fui interrompido com chutes na porta....Quem consegue “enviar mensagens” assim? Eu só tinha 15 anos. Foi covardia!
Eu: Você, também, queria ficar uma hora defecando no serviço ou quem chutou a porta estava desesperado para usar o vaso?
Ele: Não sei dizer... mas ele não gostava que eu usasse o banheiro. Eu trabalhava na Casa de Peças da Elétrica “TAL” e lá, internamente, havia um banheiro que era usado pelo pessoal do escritório, caixa e vendedores de peças... no pátio da oficina havia um outro para o pessoal da oficina. Mas o interno era limpinho, tinha toalhas de mãos e vaso sanitário. O externo era daqueles com aquela louça sanitária com um buraco, onde o necessitado precisava usar de cócoras. Eu odiava esse aí. Como eu trabalhava internamente, eu me sentia no direito de usar o banheiro interno. Mas o filho do dono não pensava assim.
Acho que ele tinha ciúmes do bom relacionamento que eu tinha com o pai dele. Então, eu tinha de vigiar se ele estava longe para eu poder fazer minhas necessidades no meu local preferido. O pior é que ele gostava de lavar as mãos inúmeras vezes e quando me encontrava lá (eu só ia uma ou duas vezes por dia) ele ficava bravo comigo. Nesse dia, ele deu um chute com tanta força na porta trancada, enquanto eu “passava meu fax” , que a mesma se abriu e me acertou, em cheio, sentado no vaso. Tive de interromper minha transmissão e ainda saí com pedaços da “informação” na “portinha” e no “caminho”.
Eu: (coloquei diversos emojis morrendo de rir.)
Ele: Amiga, eu fiquei com tanto ódio daquele cara, ódio mesmo. Vontade de chutá-lo, também. Só consegui perdoá-lo depois de uns três anos, quando eu já não mais trabalhava lá.
Eu: Conseguiu perdoar, mesmo?
Ele: Sim, mas só depois que eu mandei para ele (com remetente e endereço falsos), pelos Correios, uma caixinha contendo um “FAX” de brinquedo, marronzão, grosso, brilhoso, de aspecto muito real, sobre uma “cartinha” escrita com letras recortadas de revista: “VOCÊ NADA MAIS É DO QUE ISSO AÍ, SEU GRANDE FDP”.
Espero que o destinatário do “Fax” e da cartinha jamais leia esta crônica. Rs,rs,rs...