A Prudência: Entre o Equilíbrio e a Escolha Consciente

Ontem, durante a manhã, enquanto me preparava para as atividades do dia, deparei com uma cena bizarra na rua: um homem visivelmente embriagado colocou as mãos sobre um ônibus em movimento. Perdeu o controle, caiu no asfalto e ficou de costas para o veículo que havia agarrado. As rodas passaram por cima de suas costas, e ele gritou de dor. Ao presenciar essa situação, refleti sobre a imprudência comum entre as pessoas.

O que faltou a ele e a outras pessoas é a prudência, uma qualidade fundamental para a vivência e a arte de viver de forma realista. A prudência nos permite escolher corretamente entre o que é benéfico e o que faz mal. O homem prudente considera as consequências de suas ações, evitando impulsos desmiolados. Infelizmente, muitas pessoas carecem dessa virtude. Por exemplo, pais frequentemente mimam seus filhos com presentes, mas falham em ensinar o equilíbrio entre ter e não ter, valorizando o que realmente importa: o caráter.

Em minha vida, aplico a prudência de forma prática. Ao beber socialmente, aprecio taças de vinho com moderação, sem causar malefícios a ninguém. No trabalho, tolero um ambiente barulhento, lembrando do que é importante para mim.

A prudência é uma importante ferramenta que nos guia na busca pelo equilíbrio entre prazer e dor. Assim como alpinistas avaliam os riscos antes de escalar uma montanha ou navegadores traçam rotas em mares desconhecidos, as pessoas prudentes olham além do momento imediato e consideram o que pode acontecer. Calculam as consequências em cada passo dado.

Recusar certos prazeres não é um ato de aversão, mas sim uma escolha consciente. Sabemos que evitar uma dor maior ou obter um prazer duradouro compensa. A prudência é a linha tênue que separa a ação consciente do impulso desmiolado. Ela nos lembra que não podemos viver apenas no instante presente, gozar o hoje sem limites; precisamos considerar o futuro incerto que se desenha diante de nós. Inclusive, é importante distinguir liberdade de libertinagem: a primeira significa tomar decisões em relação a situações ou pessoas e ser consciente das consequências e compromissos advindos de tais escolhas.

A prudência também nos alerta para evitar excessos que podem comprometer nossa saúde. O princípio do prazer deve ser aliado à consciência das consequências. Afinal, a prudência não impede o risco, mas nos ajuda a enfrentá-lo de forma sensata. Como marinheiros que ajustam as velas para enfrentar tempestades, somos chamados a equilibrar nossas escolhas, olhando para além do horizonte imediato.

20.06.2024

Dennis de Oliveira Santos
Enviado por Dennis de Oliveira Santos em 20/06/2024
Reeditado em 20/06/2024
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