LONDRINA ANOS 60/70
MARCAS DE LONDRINA EM MIM
A primeira marca de Londrina em mim, foi sem dúvida a terra vermelha. Ao chegarmos aqui em dia de chuva o caminhão de mudança patinando e deslizando querendo sair da rua e jogando barro para todo o lado, até pararmos em frente do nosso porto seguro por muito tempo, uma casinha de madeira de tábuas arrematadas de mata juntas, na Rua Generoso Marques 45, outra marca indelével.
O irmão Rui salta da carroceria para um monte de areia utilizada para fazer a calçada em frente de casa. São lembranças de um garoto ainda com 3 anos e meio.
A tarde caindo, começa um som que nos acompanhou por muito tempo no s crepúsculos dos entardecer londrinense, bum bum krick krick.... são os praticantes do templo japonês da Terinkyo saudando o pôr do sol
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Nas tardes, poucos anos após a nossa chegada outros sons, agora mais para barulhos são as bolas do boliche da Arel derrubando as garrafas, a primeira bola nos assusta, depois não mais.
Quando mudamos para Londrina a rua Generoso Marques ainda não era chão preto, era terra vermelha, quando chovia aquele barro grudento nos obrigava a ter dois sapatos, um par para amassar barro até a rua Paranaguá, pois galochas ficavam presas na terra. Na casa da família Cesar trocávamos de sapatos para andar no asfalto, na volta o inverso, a destroca de sapatos.
Outras lembranças são de alguns prédios que eram mais do que edifícios, eram instituições, a Rodoviária Antiga um estilo moderno para a época lembro-me de chegar e sair de Londrina por aquele portal elegante. Da minha saída derradeira para fazer cursinho em Curitiba em 1973. Gostava daquela rodoviária, mais nas chegadas do que nas saídas, aquelas com espírito alegre, estas já com saudade como companhia.
O Cine Ouro Verde, Londrina teve outros bons cinemas, mas o Ouro Verde era orgulho para nós londrinenses, era chic, poltronas confortáveis, o melhor do Paraná nos anos 60, um bom programa de fim de semana, ainda me lembro da música do começo de seção.
O Colossinho, a primeira quadra esportiva coberta, acompanhei o levantamento da estrutura nos intervalos das aulas nos anos 60, a quadra esportiva ficou maior do que a escola. Fiz educação física lá, joguei muito futsal, assisti, Os Periquitos em Revista, do Palmeiras, o Pan Americano de Judô, o circo Orlando Orfei, inesquecível. Um crime imperdoável, a venda do terreno do Colégio Londrinense realizado pelas igrejas evangélicas, pois havia cláusula de impedimento da utilização daquela área que não fosse para fins educacionais.
O Lago Igapó uma opção de lazer para quem não tinha praia e não era sócio de clubes. Lembro me atravessá-lo a nado na parte larga perto da sua barragem, e lavar a velha camionete Toyota Bandeirantes do meu pai. As minhas primeiras pescarias. Ainda era uma atração as competições náuticas e para os mais abastados a prática de esquiar puxados por lanchas. Depois a urbanização com projetos de Burle Marx ficou muito aprazível e ponto turístico, outro orgulho para os londrinenses.
Uma personalidade de reconhecimento nacional foi o Arrigo Barnabé, não o conheci, depois que ficou famoso, tento puxar na memória sua fisionomia em turmas que frequentavam a Rádio Londrina ou circulavam nas imediações.
Outras marcas de interesse pessoal, o Ipolon, onde me formei como Agrimensor, a Cativa que meu pai foi um dos idealizadores.
Outras pequenas lembranças que ficaram no paladar de um jovem faminto, o churrasquinho com vitamina no bar do japonês na Quintino, mais recentemente a Vitamina de Abacate perto da antiga rodoviária.
A igreja presbiteriana da Belo Horizonte onde paixões secretas e nunca reveladas ou correspondidas.
Por fim os jogos abertos do Paraná dos anos 60 da época Londrina várias vezes campeã, superando Curitiba, atualmente sendo superada por Cascavel.
Não consigo entender, alguém pode explicar?
Saí de Londrina, mas ela não sai de mim.
Agradeço a boa receptividade deste grupo com o enriquecimento dos comentários trazendo outras lembranças.
Para todos nós uma ótima década.