A boneca pano
Cariciava-a enquanto balbuciava bem baixinho as sílabas da cantiga de Ninar. O vento canalizado que vinha da rua e passava pela varanda balançava as mechas de cabelos brancos que tinham escapados de sua tiara bordada com pedrinhas coloridas de azuis, branca, vermelha e douradas. O repetir do passar das mãos no corpinho da boneca deixava a mostra de seus dedos longo, pele enrugada com veias azuis onduladas protegida por uma epiderme repleta de manchas causada pela idade avançada e o manuseio exposto ao sol. Ainda entrava pela janela alguns raios de sol, longo o crepúsculo dava os últimos suspiro logo iria ficar tudo escuro não fosse as luzes dos postes da rua e por tabela clarear seu quintal. Assim levanta a cabeça olha para retrato na parede ao ver a foto sua com seu finado esposo da um suspiro fundo e diz: “Minha filha este de chapéu é seu papai que você não conheceu ele morreu quando eu e você estávamos na maternidade”. Nesse momento toca a campainha a enfermeira esta chegando para passar a noite fazendo companhia a mando de cunhado dono daquela casa onde morava sozinha.