Estava no enterro de uma pessoa muito querida. A tristeza e os olhares vagos típicos. Normal diante da perda, do sofrimento causado, da saudade que fica, do adeus forçado. Oração, momentos relembrados. Mas, de repente, quando olhei para além da porta da capela, uma cena quase que poética: uma ventania súbita carregando pétalas de algumas flores. Era como se a vida no instante de sua imaginação solta soprasse a sua opinião. Parecia dizer: dias de primavera! A vida continua com os seus ciclos, nascimentos e mortes diariamente, abrindo portas e fechando janelas em seu fervor triunfal sobre todos nós. Independente da nossa tristeza ela beija o solo com uma nova semente, nada para! Ela parece ignorar em sua persistência poderosa que se sobrepõe à regra dos nossos desejos. Ela é para todos e para ninguém, tão sutil quanto avassaladora.