Itacimirim em fim de tarde
O balé das folhas dos coqueiros aos ventos suaves e lânguidos da beira-mar, semelha asas esgarçadas de mariposas mórbidas em voar desengonçado.
O tépido da tarde que beira o findo do outono, deixa o corpo esmorecido de muito: é um preguiçoso descansar; é um laborioso momento intelectivo; é uma apreciação das coisas todas que a vista alcança. Mais que isso, é o resto do mundo!
O que tem de desimportante fora dessa bolha, é o que sobra do além dos muros de tons pastel e um recortado de céu com parcas nuvens tonalizadas com cinza-chumbo suavizado pelo branco-titânio.
Azul?!, quase nenhum – ainda assim, azul-bebê.
Daqui posso ver a vida do jeito que ninguém mais vê; é um vislumbre só meu.
Podem pensar que é presunção da minha parte: confirmo que sim!
Posso ser ególatra e autocentrado um tantinho pouco e guardar esses momentos e esse pedacinho do planeta só pra mim?
Um tempinho só!, é o que peço!
Será uma extravagância só minha ou outros tem essa verve poética?
Será uma esquisitice ou sou mesmo desvairadamente louco?
É uma desmedida singularidade: isso posso afirmar com toda excentricidade que o momento de bizarrice me embebeda o quengo!
O que mais posso cavaquear sobre essa tarde morna e outonal?
Me faltam palavras e sobram pontos de vista!
São muitas, essas tantas e inúmeras coisas que de beleza tanta é impossível escolher a perspectiva: onde mais merece que gaste eu o meu olhar?!
E faltam falas para descritivas ao pé da letra, sem a perda de elementos constitutivos dessa estrutura-bolha.
Faltam pareceres comparativos com outras coisas quaisquer que não essas que me abarrota os olhos e me entorpece o tino..., assim, me reinvento em devaneio pleno!
Bela tarde de fim do outono..., flácidos ventos abanam a tarde e tangem as folhas todas de jeito manso e faceiro..., dançam, as folhas-mariposas, como que em bailar insólito!
Até me sinto dono da razão!
E nem sei porquê!!!