DEPOIS DE JULHO O ANO PASSA MAIS RÁPIDO
Parece que é desde sempre que a gente aprende que o ano depois do mês de julho passa mais rápido.
Lá pelo mês de setembro a gente tem dificuldade em se lembrar do mês de maio, é uma sensação estranha.
Mas será mesmo que em uma determinada época do ano o tempo passa mais rápido? O que nos traz essa sensação?
Eu não sei.
O que eu sei é que de repente o verão já passou, o outono já passou, o inverno já passou e a primavera também já passou. Já passou o Natal, o réveillon, carnaval, seu aniversário, já passou o dia mais quente do ano, o dia mais frio do ano e até mesmo aquele feriado prolongado tão esperado, já passou...
Passou o final de semana, suas férias e você nem viu.
Sabe o que mais já passou e a gente nem se deu conta?
Passou a pré-escola, a primeira, segunda, terceira, quarta, quinta, sexta, sétima, oitava série. Passou toda a infância, toda adolescência, toda aquela fase em que achávamos que seria para sempre, que não conseguíamos nos ver adultos.
É depois do mês de julho o ano passa mais depressa mesmo.
Agora, sabe o que passa mais depressa mesmo?
É a vida depois dos dezoito, vinte e vinte poucos anos...
Ah se eu soubesse que seria assim, nunca teria desejado tanto os dezoitos anos como desejei, ser maior, ter habilitação, comprar bebida nos bares, entrar nas festas. Grande idiota, depois dos dezoito anos a vida se enche de tanta coisa, que é por isso que os anos passam mais rápidos. É vestibular, faculdade, trabalho, sair de casa, fazer comida, namorada, pé na bunda, amor, paixão, bares, ressaca, de novo faculdade, de novo namorada, de novo pé na bunda, de novo bares, ressaca, trabalho.
E assim vai... dezoito, dezenove, vinte, vinte um, vinte dois, vinte e três... e vai passando os anos... De repente, trinta e poucos anos.
E assim vai, outro janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho e julho. E de julho o ano dá um salto para dezembro.
A vida é assim, a gente vai vivendo, vivendo, vivendo, aprendendo, aprendendo, e mais errando do que aprendendo. Fica só o mistério. O porquê disso tudo?
O porquê?
Se formos pensar em toda a grandiosidade do tempo, essa pergunta, que persegue nossas vidas se torna tão pequena, tão minúscula.
Como somos ridículos nessa busca do porquê.
Por que ela(e) me abandonou? Por que não fiz aquilo? Por que fiz aquilo? Por que não estudei? Por que não fiz outro curso? Por que não escolhi outra profissão? Por que a vida é assim? Qual é O PORQUÊ da vida?
O tempo é tão maior que nossas perguntas, que nossas dúvidas, que nossa mesquinhez. A vida é maior que tudo isso. Maior que todos os porquês.
Pensando bem, eu sei a resposta, do porquê dessa impressão, do tempo passar mais rápido depois do mês de julho.
É porque não vemos a hora de chegar o feriado de setembro, de outubro de novembro, de chegar o Natal, réveillon. É porque de repente não vemos a hora de que o ano termine...
Porque de repente paramos de olhar pela janela, de observar as folhas que caem, de sentir o vento, de aproveitar os momentos. Parece que a gente perde isso com o tempo, e a gente perde tempo preocupado com as perguntas, em achar respostas.
E vem um comercial qualquer, dizer que o que move o mundo não são as respostas e sim as perguntas.
O que move mundo não é nem as perguntas e nem as respostas, o que move o mundo é o tempo, por que é sempre também aprendemos que tudo tem o seu tempo. Porque as respostas para todas as perguntas aparecem em seu tempo certo.
Então não perca tempo com pessoas que não merecem o seu tempo. Não perca tempo preocupado com as horas, olhando para o relógio. Não perca tempo com perguntas das quais vocês estão cansados de saber que só o tempo lhe dirá a resposta.
E principalmente, não perca tempo comigo.
Se você chegou até aqui, talvez você tenha perdido muito tempo, assim como eu perdi escrevendo.
E, por favor, me perdoe pelos erros gramaticais, pela falta de ordem nas palavras. Por favor, principalmente, me perdoe se te fiz algum mal.
Afinal era apenas para eu falar sobre o quanto o tempo está passando rápido desde o dia que você se foi, desde julho.