No tempo de passar o domingo na casa alheia
Na sexta-feira, no ponto de taxi, Ademar convidou o seu compadre pra comer uma carangueijada com feijão...
Assim no domingo de manhã, quando o ver-o-peso já fervilhava com os nativos da terra buscando, o que de melhor a terra e o mar do norte ofereciam, Ademar que nem lembrava ao certo, do convite, por que falou no calor da exibição, surpreendeu-se, quando apareceu por lá seu compadre mal dizendo, bom dia:
- oi Ad. vim comer a carangueijada com feijão, que tu falaste.
Atônito e sem muito o que dizer, porque na sala lendo o jornal estava a sua esposa. Imediatamente, como se lembrasse e pra não perder o primor da vaidade, e para também demonstrar o pátrio poder disse de pronto:
- sim compadre. Pode entrar a casa é sua.
A minha esposa fará sala pra você, enquanto vou ao ver-o-peso comprar os caranguejos.
Ela, surpreendida, olhou sem aceitar muito bem e sem entender, porque não houve comunicação anterior, porém como anfitriã, topou a incenação.
Seu compadre, coitado, sem saber de nada entrou e se assentou perto da porta, para receber a brisa daquelas nove horas da manhã.
Lá pelas onze e meia, nenhum copo de água fora servido.
O compadre sob os olhares desconfiados e descontentes da madame, começou a ficar desconfortável.
Quando pensou em se salvar, em inventar uma desculpa pra ir embora, tal era o ambiente forjado. Seu compadre, Ademar chegou, com um paneiro cheio de carangueijos.
Como a insistir em ser o dominador da casa se expressou já impondo e interrogando:
- e mulher, já fez o feijão?
Com o seu olhar de onça indomável ela nao se fez de rogada e resmungou:
- tu deixaste pronto?
O compadre sob um clima de tensão, pois ja tinha ouvido algumas historias sobre outros casais começou a amarelar. Mas Ademar , com o seu jogo de cintura amenizou. Deu uma risada para quebrar o clima e relaxou o ambiente fervente ao falar:
- tudo bem querida, vou fazer já.
E em seguida chamou o compadre para o interior da casa, que obediente o seguiu, mesmo sob o olhar selvagem da mulher.
Ademar lavou e escovou os carangueijos, enquanto a agua fervia com os temperos...chicória, alho, cheiro verde, azeite, tomate, sal e limão.
Depois começou a fazer o feijão e por volta do meio dia e meia, tudo estava pronto.
Ele preparou a mesa, colocou uma cachaça, dois copos, os pratos, talheres, aquele panelão com quinze carangueijos, o feijão, arroz e farinha.
Seu compadre se assentou e já mais descontraido começou a deliberar, a tomar cachaça, a deliberar a comer o caranguejo, a rir e a deliberar até demais, quando também já começava a chamar o compadre de AD...
Ad pra cá, Ad pra lá...adzinho...
Tudo isso aos olhos da esposa, do Ad, que notadanente estava chateada, pois nem se deu o trabalho de comer.
Só observava, aquela gazelisse e o comportamento do seu esposo.
Quando ele, Ademar, talvez pra dizer-se o tal de sua casa, assentou-se ao lado do compadre, que já mais pra lá, do que pra cá, pôs a mão na coxa do seu marido e ele, sob euforia da marvada (cachaça) disse exibidamente:
- mulher põe no meu prato o feijão.
Ela em pé, ainda. Observando os trejeitos do compadre e a incenação do seu marido, muito contrariada, calmamente pegou o feijão quente, com a concha e derramou varias vezes no peito do seu esposo, como também, sob uma furia louca, começou a falar alto expulsando todo mundo da mesa, voando carangueijo, cachaça e a bater na cabeça do seu esposo com a concha.
O compadre, de bebedo ficou bonzinho e saiu desesperadamente caindo porta a fora...
O Ad... Ademar, com o seu peito todo queimado foi parar no pronto socorro.