Entre o céu e o calvário
Navego entre o brilho do luxo e as sombras do lixo, não sou feiticeiro, mas às vezes me torno fera, um velho à beira da vida, um santo ágil e pronto para a prece. Livre como o vento, outras vezes sou barreira, sem bússola ou juízo, conheço o porto seguro dos que na desesperança se escondem.
Sou um labirinto de mistérios, destemido diante do fauno, alheio ao tic-tac do tempo e aos fantasmas do passado. Caminho sinuoso, por vezes remendado, saboreando a dualidade doce e amarga da existência.
Assim, vou moldando o mundo por onde piso, sem me perder na rota, firme no concreto da estrada, com as mãos desbravando o ar, um guerreiro com asas, um anjo em queda livre sempre a acompanhar minha jornada.
E assim, na dança da vida, cada passo, uma pintura. No palco do mundo, a cada ato, uma nova aventura. Com cada amanhecer, renasço e me recrio, no eterno voo, entre o céu e o calvário.