A força do cão

A força do cão

Quando falo em força do cão, não estou falando na força do diabo. É do animal cachorro, esse que dizem é o melhor amigo do homem, mas que pelos comentários que ouço, ele o é das mulheres.

Talvez os cachorros sejam mais amigos delas que os cabeleireiros. Esses opinam e muitas vezes erram em seus conselhos “femininos”. Os cachorros, para elas, aceitam carinho, retribuem e não reclamam de nada. Deixam que lhe façam os cabelos, ou melhor, os pelos. Colocam neles gravatas borboletas coloridas, roupinhas de bebês e toda frescura possível. O cãozinho fica mais pra cadelinha do que para guarda da casa.

Sei de dois casos que ilustram bem a força que tem o cachorro.

Cristóvão vivia com a esposa, Lia, e dois filhos, durante vinte anos em plena harmonia. Isso era a imagem que passava aos vizinhos, familiares e colegas. Pelo que ele nos contou a convivência não era um mar de rosas, mas sim uma trilha de espinhos. Quando começaram as discussões com Lia, ele foi dormir no sofá da sala. Não deu uma semana e a sua cara-metade, ou melhor, cara-inteira, fê-lo dormir num quartinho, na edícula. Esse quartinho era o projeto de quando construíram a casa, pertencer ao pastor alemão que iriam comprar.

Algum tempo depois que ele já se acostumara com o quartinho, a sua, aliás, sua ex, comprou o tal cachorro, que ele não sabe se é pastor, porque a única ovelha que ele guarda é a Lia. Não sabe também se é alemão porque senão a Lia ficaria consigo que carrega o sobrenome Wolf. Ele teve que ceder seu quartinho para o cachorro e teve que se mudar para uma pequena casa e morar sozinho.

No segundo caso Francisco vive em harmonia com Joana e sua filha Sandra. Com eles vivia uma linda cachorrinha de nome Santinha.

Eis que depois de dezoito anos de plena convivência com sua esposa e quinze com Santinha, Francisco recebe um telefonema de Sandra e sai do serviço, triste, cabisbaixo e arrasado. Teve que consolar a filha e muito mais a esposa que chorou dois dias seguidos e que depois de alguns meses ainda a pega chorando A conclusão que ele chegou é que se fosse consigo era só fechar o caixão e o corpo acabaria.

Portanto eu digo: Se formos mais amigos dos cães passaremos a ser tratados como eles, ou seja, bem melhor.

Aroldo Arão de Medeiros

08/04/2006

AROLDO A MEDEIROS
Enviado por AROLDO A MEDEIROS em 15/06/2024
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