O jeito de olhar

um amigo triste em seu viver, fez inúmeros comentários da sociedade, da família, da igreja, nada mais o encantava, falou e do ministério clerical a qual pertencia ; eu fiquei triste mas nada respondi de imediato. Mais tarde enviei lhe o texto:

Vou te convidar a andar pela estrada de meu sítio. Uma caminhada para pensar e refletir. Tão logo começarmos, pela manhã, vai ser linda a vista. Verá pastos verdes, matas ao longe e o barulho dos pássaros. Então, coisas divinas prenderão o corpo e a alma num maravilhoso orquestrar. Quando tivermos caminhado já 10 manhãs, vamos perceber que há pedras e esquecer a beleza que nos encantava. Quando tivermos caminhado 40 manhãs, não vamos querer ir mais, porém, pela consideração da amizade e respeito, de repente, entre uma manhã e outra, acabará caminhando comigo. Quando completar 50 caminhadas, vai achar monótono, chato, sem função, inapropriado, sem motivo. Então, ficará dentro de casa e ali envelhecerá. E, quando de repente bater a saudade e resolver sair para caminhar novamente, verás que já não caminho mais ali. Muitos outros também não, já se foram. E então perceberá, com saudade, a beleza de caminhar e vai relembrar cada momento caminhado. E então, vai começar a caminhar sozinho. Olhará a beleza e vai querer caminhar descalço. As pedras do caminho não machucarão seus pés, pois a beleza te encantará. Os pássaros te encantarão. Até a porteira quebrada te encantará. Ah, meu jovem e amado companheiro, então vai perceber que chegou sua vez de segurar um jovem pela mão e caminhar com ele. Mostrar que toda estrada tem defeitos e belezas, que há pássaros belos e aves de rapina, que cheiros maravilhosos de relva, e o das carniças, campinas magnificas a perder de vistas e morros íngremes horríveis. Poderá perceber que no mesma cerca de balaústre canta o corvo e o sabiá. A estrada nunca mudou, nem tão pouco mudará, meu amado irmão; o que muda é o jeito de olharmos para ela.