ESGOTORREGADOR

Eu fui uma criança feliz, não posso negar, aprontei bastante, brinquei de herói, cowboy e de SWAT, tive um quintal enorme para me divertir a valer, brinquedos, amiguinhos que iam lá para casa e, o melhor de tudo, o amor da minha família.

Confesso que eu era um pouco, minto, era muito sonso, aparentava ser um santo, mas não passava disso, aparência. Tinha mania de negociar com minha mãe, preferia que ela me batesse do que me colocasse de castigo, a negociação sempre dava errado, eu apanhava e ficava de castigo. Mas mesmo assim eu tentava, vai que...

Toda tarde minha mãe me dava banho e me colocava para assistir televisão na sala, enquanto isso ia fazer suas coisas e tomar seu banho, nesse momento, quando não tinha vigilância, eu fugia e ia escorregar lá na casa do meu amigo "Preto" (nunca soube o nome dele, só o apelido), apesar das advertências em contrário da minha mãe. As casas, onde meu amigo morava, não tinham banheiro, então as pessoas faziam suas necessidades no penico e jogavam os dejetos no barranco, enfim, imagina como era o nosso escorregador e como eu ficava depois da brincadeira, pois não usávamos papelão ou outro material para escorregar, era bunda no chão mesmo, que ficava toda esfolada. Aquele era o melhor lugar do mundo, pelo menos do meu ainda pequeno mundo, nem preciso contar que minha mãe me buscava e eu já ia apanhando pela rua, em casa ficava de castigo, além de ter que tomar outro banho e trocar de roupa, essas perturbações que só as mães aguentam. Minha mãe dizia que eu "não sabia obedecer". Mas era melhor não aprender mesmo, minha vida seria muito chata nesse caso.

Nunca fiquei doente por conta da minha diversão preferida, o que me dava com frequência era lombriga, mas tomava um remedinho e estava resolvido o problema. Aliás, não fico doente, vez ou outra uma gripe, já tive dengue e Covid, mas nada assim tão sério, esse meu hábito infantil deve explicar minha resistência.

Isso foi lá em Volta Redonda, aqui em Juiz de Fora aprontei das minhas também, mas fica para contar nas "croniquinhas" futuras.

Celso Ciampi
Enviado por Celso Ciampi em 14/06/2024
Código do texto: T8085662
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2024. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.