MEU PRIMEIRO AMOR
Eu me lembro da minha primeira paixão, ela foi avassaladora, eu tinha seis anos de idade, ela, não sei que idade tinha. Nunca falei a ela sobre o que sentia, eu nem sabia direito o que era aquele comichão, mas se falasse, acredito que não ia adiantar nada, talvez fosse motivo de uma boa risada na minha cara, uma vez que ninguém leva a sério um menino recém saído das fraldas apaixonado, acho que nem o menino leva isso a sério.
Ela era linda, loira, de olhos verdes ou azuis, não sei, sua altura, também não sei, naquela época era todo mundo mais alto que eu, hoje também. Ela era inteligente, pelo menos eu acho, ela era minha primeira professora, a quem eu chamava de "tia", como todas as outras crianças. Acho que me apaixonei por ela não pelo seu tipo físico, mas por ela ser minha professora, fosse qualquer outra e eu me apaixonaria também, eu estava feliz por frequentar a escola, sonhei muito tempo com isso, e minha "tia" era a face daquele lugar desejado mais próxima de mim. Talvez eu tenha confundido as coisas, mas prefiro dizer que era amor mesmo.
Pouco sei sobre a vida dela, se era casada ou não, se tinha filhos, onde morava, também nem queria saber, só sabia que ela era minha "namorada" platônica, sem saber que essa palavra existia e muito menos seu significado. Eu ia para a escola feliz da vida, uma porque eu queria estudar, outra porque eu ia encontrar com a minha "tia" Eni, na Escola Estadual Maranhão, em Volta Redonda, no bairro Eucaliptal.
Foi uma época legal da minha vida. Não sei mais sobre a "tia" Eni, já se passaram tantos anos, será que ainda está viva? Recordo-me com saudade desse tempo em que comecei a descobrir a arte de escrever e, junto, a arte de amar. Lembrei desse tempo ao pensar no que poderia escrever sobre o dia dos namorados. Nada mais singelo do que o amor de um aluno por sua professora.