Farofa: Sinfonia Crocante e Familiar

Ah, a farinha! Pó mágico que transforma raiz em alimento, o simples em sublime, a base de mil e uma delícias. Mas meu verdadeiro amor, a paixão que incendeia meu paladar, é a sua forma final, crocante e dourada: a farofa!

Desde moleque, a farofa me acompanha. No feijão tropeiro, - que todo mundo diz que sabe fazer melhor que ninguém, no churrasco do domingo, naquele pote milagroso que sempre transbordava, mesmo após alimentar uma multidão e até na salada. Mais que um acompanhamento, um abraço caloroso, um pedacinho de amor bem brasileiro em cada colherada.

Com o tempo, descobri que a farofa é mais que tempero, é união. É a trilha sonora dos almoços em família, a orquestra de risadas e conversas fiadas que embalam a tarde. É a explosão de alegria que toma conta da mesa quando a paçoca anuncia sua chegada. Sem ela, a comida fica órfã, sem graça, “xoxa, capenga, manca, anêmica, frágil, inconsistente” e sem vida.

Mas a melhor farofa, a que realmente me faz vibrar, não é feita com farinha, mas sim com gente! Tenho duas famílias enormes, do lado paterno e materno. E que orgulho presenciar e fazer parte dessa farofa humana reunida, falando tudo ao mesmo tempo, numa sinfonia caótica de vozes e afetos. É a farofa dos tios, tias, primos e primas, cada um com seu jeitinho peculiar. Nessa farofa familiar, a farinha é só um detalhe, o condimento que tempera a alegria do encontro.

Pode faltar água, luz e até internet. Mas que não falte farinha, para que possamos continuar criando farofas crocantes e saborosas. E nunca se esqueçam: a verdadeira farofa, a que alimenta a alma e aquece o coração, é feita com afeto, com união, com a farofa de gente que a gente ama. Essa sim, é a farofa que tempera a vida e nos faz sorrir! E se me faltar o ar, me tragam um pote de farinha, porque a farofa, seja ela de comida ou de gente, é essencial pra minha vida!

Em 12/06/2024.