Catando coquinhos

Edson Gonçalves Ferreira

Sexta-feira passada, fui a Brumadinho, ao lado de minha prima Ione e visitei meus primos Lavina, Leni, Leda, Manoel, Tonho e Taí que, nos últimos anos, vivem naquela bucólica cidade. Toda a minha infância foi passada ao lado deles. Antigamente, eles moravam em Betim e, quando eu chegava, minha tia Tidê, levava-nos para catar coquinhos e para longos passeios e, quando podíamos, saíamos pelas ruas, descalços, subindo e descendo em árvores.

Lembro-me, perfeitamente, que eu gravava nas árvores o apelido da Lavina: Buzina e ela, tonta de raiva, ia atrás xingando e apagando o apelido. Era uma menina linda e travessa, tão moleque como eu e, assim, tínhamos que agüentar a censura da Leni que, muito dama, não gostava das aprontações dos moleques.

Tidê morou por todos os lugares: Pitangui, Bom Despacho, Brumadinho, Betim, Mário Campos e, antes de eu ir para o Mosteiro, quando criança, passava minhas férias na casa dela. Ao saber que eu chegaria, ela fazia tabuleiros de pastéis para me agradar. Gordinha, rosto de Madona, Tidê é, ainda, uma deusa de amor na minha vida e, também, na vida dos seus filhos.

Assim, quando eu cheguei, sexta-feira passada, em Brumadinho, na casa da prima Lavina, voltamos todos a ser crianças e, então, relembramos as padarias que eles tiveram e das nossas guerras com massas de pão, lembramo-nos das árvores que, moleques, subíamos e, principalmente, da ternura da nossa infância quando, então, não havia malícia, nem drogas.

Hoje, recordando tudo isso, lembro-me de todos os meus amigos de infância, porque não há época que deixe mais saudades e, em tempo, lembro-me do aniversário da Sônia Ortega, amanhã, longe, lá longe no Japão onde, com certeza, sentirá saudades da sua infância aqui no Brasil e, ao retornar, Ione e eu estávamos no céu, porque tínhamos voltado na linha do tempo através do relógio do afeto.

Ficou para sempre o carinho das horas enfiadas de ternura, recortadas de amor que, agora, acalentam o afeto entre mim e meus primos que, atualmente, moram em Brumadinho, gozando a delícia bucólica daquela região. Por isso, hoje, relembro-me de tudo enquanto cantorolo os versos de Cassimiro de Abreu: "Oh! que saudades que tenho, da aurora da minha vida, da minha infância querida...."

Divinópolis, 08.01.08

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 08/01/2008
Reeditado em 09/01/2008
Código do texto: T808388
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.