DEIXEI DE MORAR EM MIM

DEIXEI DE MORAR EM MIM

Na multidão de pessoas existe uma latente solidão

O silêncio grita e grita horrores tentando chamar a atenção dos que em silêncio vão

Não, não posso aceitar a dor, a dor de pernoitar sem mim mesmo, a dor de estar sempre comigo e só

Dói, dói o vazio o vazio da presença da enorme e cálida solidão, a visão turva de seu interior consome o que antes fui eu

É possível que exista um espaço entre mim e o que penso ser eu

É preciso perguntar aos outros o que eles acham que sou eu e dai formar uma opinião do que realmente seja eu no vazio deste ser que anda no espaço limitado da existência

Motivo e razão prontos para tentar inutilmente explicar a existência efêmera da matéria em si que se degradando a todo instante insiste em eliminar sua própria existência

Quem ou o que sou não interessa ao grande abismo do universo, ele me consome, ele consome a todos e tudo em seus imensos e imagináveis buracos negros

Dizer que sou apenas um ponto insignificante no espaço e que no tempo não existo, refuta a matéria em desalinho, pois afinal tudo é matéria e energia

Como justificar a existência impar de um ser sem repetição??? Meios modos e ações antes pensava serem apenas meus

ledo engano!

Não pedi para existir simplesmente o universo me fez brotar, cuidou de manejar minhas dores, formas, cores e alinhamento com o tempo espaço, conceitos que penso ser de autoria dos que existem para justificar sua existência

Neste instante muitos chegam neste plano outros tantos partem e a grande pergunta persiste

quando deixei de morar em mim???

O JARDINEIRO DO AMANHÃ XI-VI-MMXXIV