UMA VOZ ABORTADA NUM VAGÃO DO METRÔ DE SÃO PAULO
Sabemos que é proibido qualquer tipo de comércio no interior das conduções municipais. Apesar de cartazes e anúncios neste sentido, muitas pessoas burlam tal proibição e continuam com os seus comércios variados, intercalados com os pedidos de esmolas. Dependendo da hora este trâmite se intensifica e realmente no interior dos vagões fica parecendo uma feira ambulante. Não gosto de presenciar quando alguns deles são abordados por seguranças truculentos que vão logo se apoderando das respectivas mercadorias, enquanto outro domina o infrator com certa violência. Neste momento não tem mais nem menos. Após registrar a ocorrência, a mercadoria fica lá estocada, enquanto o que está "lutando" para a sua sobrevivência é solto. Um prejuízo nesta ocasião será registrado. Por outro lado, quando se trata de pedinte, como o que vi hoje, ele não perde nada material, mas algo muito preciso é abortado, que é o direito de se comunicar, pedir, implorar. O cadeirante que adentrou naquele vagão, se tivesse observado um pouquinho mais, talvez poderia ter evitado aquele constrangimento. Logo que pronunciou três frases, pedindo a atenção dos passageiros daquele vagão, uma segurança da companhia se aproximou e com educação se aproximou daquela pessoa que começou a pedir ajuda e a sua voz foi silenciada, incontinenti, sem nenhuma queixa. Na próxima estação ele simplesmente deixou aquele ambiente, enquanto a jovem segurança continuou no mesmo vagão, talvez aguardando outra vítima, o que não aconteceu.