A VIDA É DESCOBRIR-SE ETERNO! OU A VIDA É CONTINUIDADE!
Desde pequenina ouviu de meu avô que os imigrantes alemães chegaram ao solo gaúcho, vindos de diversas regiões da Alemanha, em 1824, que se fixaram na colônia São Leopoldo, às margens do Rio dos Sinos, próximo à capital da província, Porto Alegre. Nesses grupos, muitos agricultores, artesãos e soldados, todos trabalhadores e dedicados às suas atividades. Os produtos cultivados, após colheita, eram transportados a outros locais para vendas, em carretas de boi, lanchas e pequenos barcos. Com o plantio da cana, alguna grupos iniciaram a produção de cachaça, enquanto outros à produção de milho, trigo, cevada, mandioca - produtos que os ajudaram a se manter e a prosperar.
Suas casas eram acolhedoras, embora rústicas. Seus hábitos alimentares eram totalmente diferentes dos moradores locais. O café da manhã extremamente farto, com inúmeras variedades de comida, e, as demais refeições do dia, mais leves. Segundo o meu avô, o que ele mais apreciava era a variedade de pães e de carnes. Pessoas alegres que dedicavam horas para conversarem e se divertirem. Suas danças, belíssimas! Tanto o vestuário feminino quanto ao masculino, um espetáculo de cores. Segundo a escritora Gláucia de Souza “História é que nem fio: a gente tece e o fio cresce, a gente inventa e tudo o que a gente tenta se transforma em coisa nova".
Por oito anos, morei em Santa Cruz do Sul. No início, tive dificuldades de adaptação. Não conheci nada da língua alemã. Felizmente, os vizinhos me ajudaram a superar os problemas. Nas escolas, as crianças têm: alemão e português. Certo dia, uma das minhas filhas chegou, após as aulas, toda serelepe, falando alemão. Chorei! Não entendi uma palavra que ela falou.
Na cidade eram e continuam a ser promovidos eventos comemorativos tanto a cultura germânica quanto à gaúcha: a Oktoberfest, o Encontro de Arte e Tradição, o Prato da Culinária Alemã e a Festa das Cucas, bem como outros eventos associados. A Festa das Cucas é a melhor! Nem as Cucas de Berlim superam as Cucas Santa-cruzenses do Sul.
“A vida é continuidade, é fluxo incessante entre o passado, o presente e o futuro. Trazer o passado para o agora e encontrar a própria essência. É perceber características familiares, que nos permitem transformar a vida e descobrir-se eterno.” (Christiane Seigmann)