A desligada – 2ª parte
A desligada – 2ª parte
Quisera eu ter a capacidade literária e veia cômica suficiente para escrever um livro. Se alguém quiser pode pegar essa personagem que estará com o garfo e o queijo na mão. Sairá um livro, um filme ou uma novela bem escrachada e qualquer um dos filões será bem rentável.
Na primeira parte contei do salto que ela deu em cima do ventilador. Hoje, contar-vos-ei acidentes que aconteceram com Januária e seu liquidificador.
Estava morando com ela seu irmão Leoberto de 18 anos. Leoberto pediu que ela lhe fizesse uma batida de abacate.
Januária mui prestativa cortou metade do abacate, e milagre, jogou o caroço fora. Colocou na jarra do aparelho a polpa, açúcar e leite. Deixou bater por uns minutos e quando foi desenroscar a jarra aconteceu o grande imprevisto. Fez o desengate da jarra com o rotor em movimento. Leoberto entrou na cozinha ao ouvir o berro de Januária.
Ela estava verde da cabeça aos pés, bem como as paredes e piso da cozinha.
De outra vez ela foi fazer uma batida no mesmo liquidificador, desta vez para Nino, seu marido. Desligava e colocava a colher para mexer um pouco. Desta vez mantinha uma revista ao lado, em que lia uma receita. Pronto no minuto seguinte esqueceu a colher dentro e ligou o liquidificador. Foram partes do mesmo para todos os lados.
Por sorte não se machucou, mas aposentou o sofrido liquidificador.
Uma vez no dia de seu aniversário Januária ganhou um lindo gato ao qual deu o nome de Ícaro. Levou à tardinha para seu apartamento e deixou livre na sala. Passou a noite inteira ouvindo o barulho das garras do gato na porta do seu quarto.
Detalhe importante, ela esqueceu de lhe dar comida. No outro dia acordou de mau humor e como castigo prendeu o pobre bichano sob a pia da cozinha, um compartimento apertadíssimo para o animal. Quando retornou de tardinha do serviço abriu a portinhola no qual se encontrava Ícaro, o animal saiu em disparada e pulou a janela. Era o décimo andar em que ela morava e a rua movimentada, o primeiro carro esborrachou o animal.
Como eu havia falado anteriormente ela era avessa a conta de banco e para não esquecer de sua senha, escolheu o telefone de sua amiga Carla para que se lembrasse mais facilmente. Certo dia o telefone tocou na casa de Carla.
- Oi, bom dia!
- Bom dia Carla, é a Januária, eu escolhi o número do teu telefone como senha do banco e estou próximo ao caixa eletrônico.
- Dá de tu me dares o número para que eu possa resgatar uma graninha?
- Januária, eu não acredito! Não ligasse para cá?
- Liguei, e daí?
- Então, esse é o número.
- Desculpe, tchau.
Até hoje nunca dei o telefone de minha casa, não sei o que ela poderia aprontar? Sem maldade, é lógico.
Você se arriscaria?
Aroldo Arão de Medeiros
08/02/01