Palavras…
Estou diante do celular, na tela em branco há horas. Desejo escrever, mas parece que todas as palavras já foram ditas, todo o sentimento, sentido, toda a emoção dissecada. E sinto-me morta, como se nada mais importasse. Pensei no urso que hiberna após uma grande caçada, condição para atravessar os dias gelados e sem comida para ele. E me perguntei se minhas palavras estavam hibernando. Depois pensei no deserto, alternando entre dias escaldantes e noites geladas, na mais completa solidão. E pensei que talvez minhas palavras estivessem vivendo dias de deserto e à beira da morte, sedentas e exaustas. Lembrei-me do vulcão em erupção, e pensei que, quem sabe, minhas palavras derreteram na lava incandescente. E depois, pensei no mar. Quem sabe minhas palavras se afogaram e viraram comida de peixe? Mas aí lembrei-me das pessoas que amo, da família e dos amigos, do meu companheiro. Lembrei-me do amor. As palavras estavam lá, exatamente onde sempre estiveram. Não pereceram de nenhum modo, estavam em mim, desde sempre. E pensei que o amor salva-nos todos os dias, até de nós mesmos. O amor, com caridade, nos traduz em palavras de eternidade…
Interação com o escritor e poeta Stelo Queiroga:
Vezes acho que sumiram
E nunca mais voltarão...
Feito a infância distante,
Presas na imaginação...
Mas, de repente, se soltam,
Se as arrumo, se revoltam,
E as prendo numa canção...