Entre Sem Bater - A Falácia da Economia
Maria da Conceição Tavares disse:
"... uma economia que diz que precisa primeiro estabilizar, depois crescer, depois distribuir é uma falácia. E tem sido uma falácia. Nem estabiliza, cresce aos solavancos, e não distribui ..."(1)
A biografia e os exemplos de frases da economista são, de certa forma, insuficientes para mostrar as qualidades da professora. A história acadêmica da luso-brasileira é superior à de muitos dos ministros da economia ou da fazenda deste país. Entretanto, um país comandado por economistas ou, acima de tudo, com estes economistas como serviçais, não pode dar certo. Aliás, Conceição Tavares foi no alvo quando falou sobre a grande falácia que vivemos desde a Proclamação da República.
A ECONOMIA
A economia, historicamente, deveria ser um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento das sociedades humanas. Desde os tempos das primeiras civilizações, como a Mesopotâmia e o Egito Antigo, a história confunde-se com a ideia de economia. Nas complexas economias globais contemporâneas, a evolução das práticas econômicas reflete as mudanças sociais, políticas e tecnológicas. Desse modo, os povos se norteiam por conceitos de economia ao longo dos séculos.
No início, as economias não passavam de sistemas simples de troca e subsistência, onde o comércio ocorria através do escambo. Com o passar do tempo, a invenção da moeda facilitou as transações e promoveu a especialização do trabalho. Assim sendo, surgiram mercados e mercadores que deram mais complexidade com o crescimento das cidades e nações. Na Idade Média, o feudalismo predominava na Europa, e a economia centrava-se na agricultura e na relação de servidão entre senhores e camponeses.
A transição para a economia moderna começou a tomar forma durante o Renascimento e se acelerou com a Revolução Industrial no século XVIII. Esta revolução marcou uma mudança drástica, introduzindo a produção em massa, mecanização e os avanços tecnológicos. É provável que este foi o grande marco, que transformou profundamente as economias e sociedades. A industrialização não apenas impulsionou o crescimento econômico, mas também deu origem a novas classes sociais. Como se não bastasse, alterou as dinâmicas de poder global e criou profissões que não existiam e iam além dos mercadores e atravessadores.
ECONOMISTAS
A profissão de economista, sem dúvida, não apareceu com a ideia de funções que vemos hoje, mas ali foi o início das tragédias. Maria da Conceição Tavares cunhou seu pensamento sobre a economia como falácia a partir destes economistas.
Tenho para mim, como diz um comediante de stand-up, que no armagedom, economistas(*) serão os primeiros a morrerem. E, surpreendentemente, os sobreviventes terão a certeza que farão falta alguma.
Particularmente, não gosto de algumas profissões. Todas, e os economistas não fogem à regra, acham que ninguém pode ser autodidata no assunto que eles estudaram. Alguns piores do que os outros e se regem por conselhos que fazem vistas grossas para a falta de ética e pela incompetência.
Com toda a certeza, as exceções dentro destas profissões inúteis são raras, Conceição Tavares respeitava o ultracrepidário(2).
ECONOMIA E O BRASIL
Aprendi com um professor de macroeconomia a introdução que precisava para aprender a estudar história, geografia e economia. Desenvolvi, sobretudo após aulas magníficas, a correlacionar períodos da história com a economia. E, como se não bastasse, a entender porque países como o Brasil não conseguem avançar e poucos ficam cada vez mais ricos.
No século XX, sem dúvida, a economia mundial passou pelas maiores transformações, incluindo a Grande Depressão e as Guerras Mundiais. Após grandes mudanças, ocorrem períodos de crescimento e um falso desenvolvimento. Mais uma vez, agradeço a um grande professor que orientou adequadamente a diferenciar crescimento econômico de desenvolvimento.
Desta forma, foi possível identificar a falácia da prosperidade no pós-guerra, especialmente nos países ocidentais e outras mentiras. O surgimento de economias, como a União Soviética e da China, são um enorme contraste ante as economias de mercado dos países capitalistas. Assim sendo, a Guerra Fria influenciou as políticas econômicas em muitas nações misturando política, religião e poder econômico.
Hoje, a economia global tem interconexões inimagináveis, que possuem fluxos intensivos de comércio, investimentos e tecnologia. As crises financeiras, como a de 2008, a partir dos EUA, evidenciam a complexidade e a vulnerabilidade dos sistemas econômicos contemporâneos. Países como a China, num regime político e econômico muito diferente, sofreram com a crise de maneira relevante. Desta forma, reforça-se uma pretensa importância da regulação e da cooperação internacional na política econômica.
ECONOMIA TUPINIQUIM
Neste contexto, a economia reflete, a princípio, tanto essas tendências globais quanto suas próprias peculiaridades históricas. O Brasil, ao longo de sua história, passou por diversas fases econômicas. Podemos dizer que, desde a economia colonial da monocultura e no trabalho escravo, até a industrialização e urbanização no século XX, somos periféricos.
Atualmente, o país possui uma economia peculiar, com setores de serviços, indústria e agronegócio desempenhando papéis fundamentais. Entretanto, o país tem altos e baixos que poucas nações conseguem entender, e os brasileiros também não entendem. As mesas redondas de bestas quadradas deixaram de ser exclusivas de futebol e adotaram a economia como pauta. É tanto portador de um diploma de "Harvard" que os professores daquela instituição deveriam ter alguma preocupação.
O Brasil enfrenta desafios econômicos significativos, como desigualdade social, inflação e corrupção, que afetam seu desenvolvimento.
Duas frases que dizem muito sobre a economia tupiniquim, de Conceição Tavares:
"Ninguém come PIB."
"O que separa a classe média dos pobres é um carro e um apartamento, e um financiamento."
O PAÍS DO FUTURO
Entretanto, o país também apresenta grandes oportunidades devido a seus vastos recursos naturais e posição geopolítica estratégica. Entender a trajetória econômica global nos permite contextualizar melhor as particularidades do desenvolvimento econômico brasileiro. Contudo, as conquistas e desafios, deveriam proporcionar uma visão mais ampla de povo e nação, aproveitando o futuro econômico do país.
Em outras palavras, é muito estranho uma nação ser a 8a economia do planeta e crescendo, cair para a 13a posição e continuar em crescimento. Talvez a explicação esteja na diferenciação de crescimento e desenvolvimento e, no nosso caso, na concentração de riqueza. Infelizmente, a vida real do brasileiro não aparece em nenhum manual de economia. A lenda urbana do "pobre de direita" é, sem dúvida, a nossa realidade que origina-se no egocentrismo e hedonismo.
Ainda que muitos setores e exceções na economia, como foi a brilhante economista, tentem derrubar as muitas falácias que vivemos, é inútil. Parece que um grande número de brasileiros sonha em reverter a ideia central do capitalismo e da escravidão moderna. Da mesma forma, um pequeno número de brasileiros deveriam começar uma campanha para iluminar as trevas destes seguidores de economistas sem noção.
Em suma, é assustador como tem influencer e coach dando palpite na economia dos outros e ganhando muito dinheiro com esta vassalagem. Parece que as oligarquias, desde que existem no país, sempre arrumam capitães-do-mato de acordo com as suas necessidades.
Estamos perdendo de "7 a 1", e ainda nem estamos na prorrogação. Éramos o país do futuro, o futuro chegou e nada mudou em mais de 200 anos. E quando eu apresentei ideias como a nanoeconomia feudal(3) ou empresas como a Maconhabrás(4), economistas me censuraram, vade retro !
"Amanhã tem mais ..."
P. S.
(*) Na realidade, a fila das profissões mais inúteis da humanidade tem muita gente na frente. Mas os economistas serão os primeiros se a fila for pela quantidade de maldades que cada profissional praticou. O diabo(5) é que a concorrência dos malignos é enorme...
(1) "Entre Sem Bater - Maria da Conceição Tavares - A Falácia da Economia" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/06/10/entre-sem-bater-maria-da-conceicao-tavares-a-falacia-da-economia/
(2) "Entre Sem Bater - Apeles de Kos - O Ultracrepidário" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2023/12/10/entre-sem-bater-apeles-de-kos-o-ultracrepidario/
(3) "Nanoeconomia Feudal no Século XXI" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2020/04/10/nanoeconomia-feudal-no-seculo-xxi/
(4) "Maconhabrás - A Redenção Tupiniquim" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2019/10/17/maconhabras-a-redencao-tupiniquim/
(5) "Entre Sem Bater - Karl Kraus - O Diabo" em https://evandrooliveira.pro.br/wp/2024/06/07/entre-sem-bater-karl-kraus-o-diabo/