O Preço da amizade
Afonso motorista de ônibus, trabalhando desde as quatro horas da manhã, ia saindo do serviço, lá pelas dezesseis horas, quando encontrou seu antigo cobrador, que trabalhou com ele no onibus da União Macapá e o convidou pra tomar umas cervejas na sua casa, em plena segunda feira.
Como bebida de graça, na casa do amigo não tem preço, prontamente Afonso se dispôs.
Conversa vai, conversa vem, risadas pra cá, risadas pra lá e chegou o ônibus, que os levaram ao referido destino .
Não sabendo Afonso , que Manoel, o cobrador portuga, seu amigo, desde a última sexta-feira não aparecera em casa.
Pé ante pé os dois chegaram a casa, de Manoel, que ao bater na porta, sua companheira ao visualizar o seu marido, com o seu ex-amigo de trabalho, que ela conhecia bem... pensando talvez, que ambos estivessem voltando da esbórnia disse:
- Manoel, o que queres aqui?
E ele, pra não se fazer de rogado diante do amigo falou assintosamente:
- abra a porta Herdinair, ponha o almoço, que irei beber com meu amigo.
Ela obedientemente resmungou:
- o que seu sem vergonha?... Tu sais pra trabalhar e me passas na rua, sem vir aqui desde sexta feira. Me aparecendo agora, com a cara mais lavada e ainda trazendo o amigo de bar, querendo ainda bancar o ditador. Aqui não, moçinho.
Todavia, como quisera dar uma ensina ao marido, como uma cobra na hora do bote, conteve-se e disse mudando o tom, para amável: Mas pera aí amorzinho, vou buscar na geladeira a cerveja.
Manoel atonito falou qualquer coisa a Afonso, que pela oferta das cervejas, apesar da discussão inicial, nem deixou passar na cabeça, alguma ofensa ou situação mais grave.
De repente, tomada de uma fúria sem igual, como se estivesse baixado nela um caboclo, dona Herdinair, abriu a porta da casa e foi quebrado o cabo de vassoura no marido dizendo:
- tai amor a tua cerveja.
E com o escovão, na mão esquerda ia arremeter outra paulada, agora no Afonso, que junto a Manoel correram pra se salvar, a plena luz de dia.
E ela, sob os olhares dis curiosos, em voz alta ainda completava ao Afonso:
- e tu, com a cara mais cínica ainda vem trazer o amigo na porta, como se ele fosse um qualquer, sem família.
Afonso, que nada sabia da farra, mais do que depressa correu e correu muito pra não apanhar...
Só pensando, que a oferta não tem preço.