A flor
Reclamava a mãe:
- Dez anos vizinho. Dez anos e esse lírio, que o meu filho plantou nem se levanta.
Dizia o vizinho espantado:
- Verdade, vizinha?
Ela continuava:
- Nem sei porque ele mantém no jardim. Só pra entuiar...por mim já tinha arrancado.
Conversa vai, conversa vem e a chuva, comum na cidade das mangueiras afastou os dois e pôs fogo na terra, quero dizer água no chão.
Veio o inverno, foi- se o verão e veio graciosamente a primavera.
Aos olhos dos ansiosos, aos olhos dos cegos não se via nada.Mas a força ativa, no oculto do silencio engravidava a terra e a chuva chovendo, ia descendo e fortalecendo.
Cada dia, apesar das adversidades, cada ferida, que só o tempo sabe identificar ia se fazendo, até num dia além das expectativas, fora do surto, que o vicio teima em não aceitar. Num amanhecer qualquer, sob as clamidias das horas a elucidar segundos, do nada ela amanheceu toda carmim, com um suave perfume, envolto numa gota de orvalho...
Quando ninguém pre disse, quando ninguem esperava, ela ao som da valsa e fadas solfejou seu abadá.
Tão linda de admirar, que a inveja futricava os olhos de quem na rua passava.
A lua da madrugada ja deitava, quando enfim, acordada pelo vizinho, a mãe do filho saboreava a vaidade, de ter tão iluminada, aquela noiva calada.
Era o principio do nada, que quem passava não entendia, porque a beleza efêmera já se despedia...
Mas o legado deixado... a última palavra... o amor, que poucos enxergam no colo, onde fica a gota de orvalho,
o amor, sem pretender suave derramava.
Assim ela, a dona pode ficar apatica na janela do jardim... até quem sabe crer na pureza do nascimento daquele lindo lirío.