FOI TUDO ILUSÃO

Eu virei ilusão quando um vento inesperado e forte soprou com tanto ímpeto que me levou a tiracolo. Segurei-me o quanto pude nos pilares do aconchego, nos sustentáculos que me prendiam, agarrei-me em tudo tão caro aos meus sentimentos. Em vão. Além dos próprios atributos irresistíveis, os diversos predicados diante dos quais fui quebrantado, quão vigoroso foi o vento e sua passagem de furacão.

Lá ia eu já entregue, sem volta, completamente dominado. Pensava então ser meu destino, nada havia a fazer com o intuito de desfazer o que a princípio era inevitável. Porque bastava eu ter desviado daquele sopro avistado de antemão, virar as costas às cores, sussurros e afagos nele contido. De jeito nenhum aproveitei a oportunidade de fugir, literalmente caí em seus braços sorrindo. No momento imaginei que tinha virado alegria sem perceber a brevidade dos sonhos.

Achando ser possível continuar voando contente no pretenso colo do doce vento macio, envolvi-me de corpo e alma, não pensava nem raciocinava, a novidade parecia extasiante, como desgostar da dádiva caída das nuvens? Era tão bom o vento, ah era! Dobrava esquinas, desviava das árvores, alçava aos céus, o tempo todo devaneava felicidade, mas enganosamente haveria de acordar pesadelo.

Demorou, passou rápido demais, qual o período? Realmente desconheço a resposta pois os anos e as horas desapareciam de importância, os instantes e as idas e vindas eram tudo. Para que mais além, por que aferir as medidas temporais? O vento fechava meus olhos a outros ideais, suave se fazia o seu sopro. Porém, numa curva mais fechada o vigor da comandante do vento desligou sorrisos e quimeras, e eu virei ilusão.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 09/06/2024
Código do texto: T8082240
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