Caso da cidade

No ônibus não muito lotado,  os passageiros enfrentavam acostumados as situações corriqueiras, de falta de estrutura,  de manutenção e de limpeza dos veículos,  a um preço módico de tres reais e setenta centavos, que se convertia em setenta e cinco centavos,  pois nunca o cobrador tinha para dar de troco. Quando a chuva desabou,  naquela tarde noite muito quente em Belém  e numa parada,  sem cobertura, um idoso fez sinal e o motorista fez que nem viu.

A chuva chovendo,  as janelas fechadas, o calor aumentando e uma idosa,  no lado direito dos assentos só observando o motorista conversar com outro, que pelo aspecto era motorista e estava saindo de seu trabalho.

Meia hora depois,  a chuva era o dobro da wue caia na rua, mal dava pra enxergar,  quem passava na rua.

Eis que surge,  fora da parada,  uma moça, dessa bonitinhas, novinha,  com o vestido colado no corpo,  toda sedutora correndo a fazer o sinal ao ônibus.

Quando o motorista viu, nem piscou. Brecou de imediato o veículo já abrindo a porta,  como a carregar com os olhos a moça, todo meloso disse:

- Suba logo querida, pra não se molhar tanto. Você não pode pegar esse resfriado.

Enquanto,  o outro, pra não ficar por baixo deu a mão, para puxa- la.

Toda molhada, agradeceu, entrou, pagou dua passagem e assentou- se numa cadeira,  ao lado de uma senhora no meio do ônibus,  após a roleta.

Sem perceber era observada, paulatinamente pelo retrovisor.Sem perceber foi motivo de comentários do motorista,  seu amigo e até o cobrador,  que saiu das suas funções pra interagir na fofoca, acerca da mocinha.

Quando,  de repente  o sinal de solicitação de parada toca. Era a observadora do motorista e seu amigo,  que calmamente passava entre uns e outros passageiros em pé , e chegando próximo ao motorista bateu forte sobre o capô daquela condução,  dizendo bem na hora que o ônibus parou:

- Seu motora,  veja se dá próxima vez você faz o seu trabalho direito. Porque aí no seu lugar, não tem sexo, raça ou idade.  A tua obrigação é parar na parada e  pra quem solicitar. Pro velho o senhor fez, que nem viu e pra moça parou fora da parada e tudo.

Dizendo isso,  foi descendo sob os olhos do motorista e do seu amigo, quando

do ônibus,  que já estava a meio grau de gente um coro de jovens gritava badernando:

- A, a, a dá nele mãe dele...

E o ônibus foi se afastando num silêncio urbano.