SINÔNIMOS PARA JUNHO: JENIPAPO, VINHO SANGUE DE BOI, CANJICA, FORRÓ NA CASA DE SEU LÔRO E DONA REGINA etc

Junho sempre foi um mês muito alegre, colorido e cheio de aroma. Mesmo se chovesse, ainda que fizesse frio, diante de qualquer cenário.

Um dia, painho chegou com um garrafão de Sangue de Boi e duas garrafas de Dom Bosco. Ligeiro, mainha dissse que ele gostava de ver o povo bêbado de cair; ele deu seu riso de cantinho de boca com a leve viradela de cabeça para trás e disse: “só fica bebo os trouxa”.

Levantou a cortininha da pia e guardou o garrafão. As duas garrafas de Dom Bosco eram para os mais chegados, então foi guardar no quarto, atrás do guarda-roupa. Minha mãe perguntou sobre o milho, porque já era hora de ver isso se quisesse canjica. Ele respondeu que não fazia questão, ela deu um quase surto (eles gostavam de se cutucar).

O milho chegou mais tarde, foi empilhado no canto da pia de lavar roupas, tudo na área; esse lugar da casa era chamado assim, o cômodo depois da cozinha. Esse cômodo era onde o resquício das festas ficava melhor. Quando ia chegando a finalização, quando já era tarde, quando era de madrugada.

Mainha dando dica que era hora de cada um procurar seu rumo, arrastando as cadeiras, passando a vassoura quase nas canelas das pessoas, botando roupa de molho. Kkkkkk De vez em quando dizia: “vou fazer logo o café porque quereo ir dormir e não vou acordar para fazer café”. Outra hora dizia: “vocês não tão com sono não?!” Quando via que não ia dar certo ser discreta, batia palmas e botava pra fora mesmo: “vamo vamo vamo festas acabadas músicos a pé!”.

Os cunhados saiam arrastando os pés, as irmãs seguiam com eles. Uma vez painho disse: “pela hora melhor nem deitar”. Mainha pirou kkkkkkkk “Você tá ficando dodho Lôro? Parece que homi quando envelhece vai ficando dodho. Meu Deus, me ajuda!” E ele deu o risinho típico.

A casa toda fechada: janelas e portas. Mainha dava a última olhadela em tudo, botava os doces numa armadilha: uma bacia com água, para dificultar para as formigas. Vinha no quarto do meio vistorear os menores. “Tu ainda tá acordada menina? Não vai deitar mais tarde!”

Quando ela se deitava, o silêncio se instalava devagarinho na casa. O barulho da madrugada raiando o dia ia fugindo, fugindo até a gente acordar, lá para as 9 da manhã. Às vezes antes.

Muitas vezes, quem nos despertava era Valfredo. Chegava anunciando que queria curar a ressaca. “É Valfredo?” pergunatava painho; mainha respondia: “Quem mais?”

Junho sempre foi um mês alegre, farto e festeiro.

Solineide Maria

Luanda, 05 de junho de 2024.

Solineide Maria
Enviado por Solineide Maria em 09/06/2024
Reeditado em 09/06/2024
Código do texto: T8081825
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