SEU JOÃO, A TRISTEZA

Na área de lazer do condomínio onde moro encontrei o senhor João, um idoso que mora sozinho no apartamento do quinto andar. Como era comum no dia a dia, ninguém lhe fazia companhia no banco em frente à piscina. Vi-o antes de chegar ao local. Ele tinha o olhar apagado, o semblante tolhido pela amargura, um ar de desprezado . Se havia uma, era ele a cara da tristeza.

Cumprimentei-o perguntando se estava bem. Voltando o interesse e a atenção para mim, a voz fraca e distante, o senhor João retrucou; " Se estou bem? Não, desculpe, não estou nada bem, tenho sido movido a melancolia desde há muito, meus dias me obrigam a enganar a mente, para que deixe de vagar perdida, da única maneira que ainda me resta, ou seja, acessar as redes sociais, assistir à Netflix e dormir."

Sentei ao seu lado em silêncio depois de ouvir o desabafo, pois que tropeçando nas palavras e a emoção em frangalhos. Que mais responder depois de ouvi-lo? O desalento contagia, a amargura respinga poluindo o ar. Então ambos nos calamos, eu agora assim como ele. Súbito , pondo a mão no meu ombro o senhor João suspirou se expressando baixinho: " obrigado por sentar ao meu lado, por desperdiçar seu tempo comigo, é raro alguém fazer isso, é difícil eu ter companhia."

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 08/06/2024
Reeditado em 10/06/2024
Código do texto: T8081658
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