UM TEMPO, UMA VIDA

No mês de junho de 2024 completei vinte anos de trabalho voluntário na Santa Casa de Santos.

Quando lá iniciei, em 2004, também ingressei como voluntário no CVV – Centro de Valorização da Vida, cujo mote principal é a prevenção ao suicídio.

No CVV permaneci até 2011, quando fiz a opção de atuar apenas na área da saúde, com a qual me identifiquei bastante. São dois locais “pesados” em função do que vivenciamos em ambos, e isso me estava “consumindo” um pouco. Foi quando decidi me desligar do CVV, após sete anos de dedicação. O trabalho voluntário no CVV é gratificante e nos ensina boas lições, tais como a humildade e a benemerência, cada vez mais carentes nos dias atuais. Lá, conheci pessoas maravilhosas, ocorrendo uma agradável troca de saberes e vivências, o que sempre nos tornava mais bem preparados para realizar os atendimentos de quem nos procurava.

Já na Santa Casa, fui me envolvendo cada vez mais com as atividades de um hospital e o tempo passou, até atingir a marca dos vinte anos e mais de dez mil horas trabalhadas. E pretendo continuar até quando o Criador me permitir.

Também aqui, conheci e convivo com pessoas especiais, que se doam pelo bem estar e a saúde do próximo. Tenho um carinho absoluto pelo pessoal da área de enfermagem, que é o alicerce de um hospital e que estão sempre na linha de frente. O trabalho dentro de uma UTI, por exemplo, é desgastante e eles sempre lá, com todo o carinho e boa vontade com os pacientes. Sem eles, nada feito.

No hospital tenho contato direto com a área médica, de enfermagem e outros setores pertinentes ao meu trabalho. E também com os pacientes, pois visitamos as alas de internação e também os Prontos Socorros Adulto e Infantil. Isso tudo me permitiu adquirir muitos conhecimentos técnicos na área e entender o quanto a Medicina é fascinante. Além disso, agradecer diariamente pelo dom da vida. Todos sabem que em um hospital vê-se muita dor, angústia e sofrimento, mas também sentir a emoção em uma Maternidade, com o início de uma nova vida.

Não vou detalhar, mas apenas citar uma passagem em especial que me emocionou muito, mas garanto que foram em grande número. Em uma delas, no PS Adultos, quando priorizei o atendimento de uma senhorinha com um problema sério de saúde, fui procurado depois por sua acompanhante, que me disse: “Foi Deus quem enviou o senhor até nós! Ela se salvou”. E deu-me um abraço. Nunca mais as vi. Isso não tem preço e a gente carrega conosco para o resto da vida. Não podemos nos apegar a nenhum paciente, pois nosso trabalho é profissional, mas há situações em que a emoção prevalece sobre a razão. Afinal, segundo Nietzsche, “a emoção é a síntese da vida”.

Depois de tantos anos de voluntariado posso dizer que me transformei em uma pessoa melhor e digo a quem me lê: durante sua vida, procure fazer pelo menos um trabalho voluntário, seja ele qual for. Irá perceber uma mudança incrível na sua visão da vida e dentro de você mesmo.

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Arnaldo Agria Huss
Enviado por Arnaldo Agria Huss em 07/06/2024
Código do texto: T8080962
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